Crítica
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Sinopse
Nascido numa família carioca de classe abastada, João Guilherme Estrella frequentou os melhores colégios e cresceu num dos círculos sociais mais privilegiados do Rio de Janeiro. Entre os anos 1980 e 1990, se tornou o maior vendedor de drogas da cidade, sendo preso em 1995 e passando a frequentar os círculos carcerários.
Crítica
O cinema brasileiro começou 2008 com o pé direito. E o responsável por esta mudança de ares é Meu Nome Não É Johnny, um filme longe de ser inesquecível, porém dotado de muitos méritos. Depois de um ano bastante complicado (apenas dois sucessos verdadeiros, Tropa de Elite, 2007, e A Grande Família, 2007, e um mediano, Primo Basílio, 2007), a produção verde-e-amarela parece se reencontrar com o público neste longa que, além de não se apoiar num veículo televisivo prévio, tem a felicidade de estar baseado numa história real e contemporânea. Se o primeiro fato já está virando lugar comum entre nós, o segundo dado é uma novidade que merece ser comemorada.
Dirigido por um surpreendente Mauro Lima, Meu Nome Não É Johnny levou, em cerca de um mês em cartaz, mais de 1 milhão e 500 mil espectadores aos cinemas de todo o país - um feito e tanto! E se Selton Mello não está nos seus melhores trabalhos (muito distante de desempenhos impressionantes como O Cheiro do Ralo, 2006, ou Lavoura Arcaica, 2001), ao menos se defende com respeito como protagonista. Seu João Guilherme Estrella vai do céu ao inferno, do paraíso sem limites da classe média rica com as drogas até o desespero caótico da prisão num hospital psiquiátrico onde foi obrigado a cumprir sua pena. E o que teria feito ele? Meio que ao acaso, levado pelas circunstâncias, João virou Johnny, rei do tráfico no cimento, longe do morro, entre os playboys da zona sul carioca. E depois de circular por Barcelona e Veneza e ousar conexões internacionais, acabou pego de forma quase amadora, obrigando-se a se redimir perante a sociedade.
Meu Nome Não É Johnny não quer ser um Cidade de Deus (2002) ou um Tropa de Elite (apenas para citar dois exemplos de grande destaque que também abordam a influência das drogas no universo do jovem brasileiro). Ele pretende apenas relatar a trajetória de um homem que teve tudo da forma errada e recebeu a oportunidade de começar de novo após ser obrigado a admitir seus erros. Não o melhor dos exemplos, mais ainda assim um recado de grande valia. Quantos outros seguiram pelo mesmo caminho e se perderam sem conquistar uma chance similar?
Mas além disso, felizmente Meu Nome Não É Johnny consegue também se posicionar no parâmetro artístico e cinematográfico. Se o desempenho dos atores é irregular - Cléo Pires é um erro e Julia Lemmertz está perdida, enquanto que Cássia Kiss rouba cada instante do pouco tempo que tem em cena, assim como Flávio Bauraqui- a direção é segura, e tem plena consciência para onde melhor seguir. Mas o mérito maior é o roteiro enxuto escrito pelo diretor em parceria com a também produtora Mariza Leão, que abrange os principais momentos da história a ser contada, porém sem se perder demais em cada um deles, preocupando-se mais com os reflexos deles nos personagens do que nas circunstâncias em si. Isso permite um ganho em dramaticidade e num maior envolvimento do público.
Baseado no livro de Guilherme Fiúza, Meu Nome Não É Johnny é uma produção cara - cerca de R$ 6 milhões - e típica obra de produtor, que segue um modelo consagrado nos Estados Unidos. Como funcionou com ótimos retornos de público e crítica, seria ele, portanto, direcionador de uma nova estrutura a ser seguida cada vez mais no cinema nacional? Talvez. Mas o principal são os bons créditos que giram ao seu redor. E quando os ingredientes são de qualidade é mais fácil acertar o bolo, não é mesmo?
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