Crítica
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Sinopse
Adrian comete um erro no dia do seu casamento e decide ocultá-lo de sua noiva. Mas, a mentira tem pernas curtas e vai colocar a cerimônia em risco.
Crítica
Muito se fala que o problema do cinema brasileiro são seus roteiros, geralmente apostando em clichês e com muitas pontas soltas. E para piorar a situação se aponta a produção argentina como exemplo de ótimos textos, enredos inteligentes e criativos. Mas é importante notar que, se todos os longas feitos aqui de uma forma ou de outra chegam até nós, o mesmo não se pode dizer da produtividade hermana. Há um filtro nesse processo de importação, e a nós são exibidos apenas os mais badalados e referenciados. Ou não. Pois essa certeza vira dúvida quando nos deparamos com Meu Primeiro Casamento, uma obra tão popularesca e estabanada quanto o nosso Se eu Fosse Você (2006 e 2009). E não por menos, foi um dos maiores sucessos recentes de bilheteria local no país vizinho. Ou seja, eles podem criar filmes memoráveis, mas também sabem produzir verdadeiras porcarias.
O principal ponto de interesse em Meu Primeiro Casamento é a presença do uruguaio Daniel Hendler como protagonista. Premiado com o Urso de Prata de Melhor Ator no Festival de Berlim por O Abraço Partido (2004), é um dos nomes de maior destaque do atual cinema argentino, comparável apenas ao igualmente excelente Ricardo Darín. Hendler, no entanto, é mais jovem e mais seletivo em seus projetos – ou ao menos era a impressão que nos passava. Ao que parece, deve ter se cansado da aura cult que o envolvia há tempos e decidiu se tornar um astro mais popular e reconhecido pelas grandes audiências. E, ao fazer isso, abdicou dos textos mais elaborados e envolventes para explorar uma trama tão simples quanto óbvia: dessa vez aparece como um noivo no dia do próprio casamento que está em dúvida em assumir ou não o compromisso. Nada muito original, mas que mesmo assim ele consegue defender com um certo vigor.
Sua parceira nessa roubada é Natalia Oreiro, vista em filmes como Cleópatra (de 2003, ao lado de Norma Aleandro) e do cultuado Miss Tacuarembó (2010), baseado no romance de Dani Umpi. Enquanto ela compõe a noiva muito mais preocupada com o sucesso da festa e com o efeito dessa nos convidados, ele é o fraco e inseguro que procura não desapontá-la. Mas, quando minutos antes da cerimônia, perde as alianças que eram herança de família dela, a confusão dá seu primeiro passo. Daí em diante temos uma sequência de eventos tão improváveis quanto inverossímeis. A sogra bêbada, o primo sem noção, o antigo namorado conquistador, a ex invejosa, os amigos arruaceiros... estão todos lá. E, pra completar, sobra também para a religião, pois trata-se de uma união mista entre um judeu e uma católica, o que torna a festa ainda mais esquizofrênica.
Apesar do grande retorno do público, com mais de um milhão de espectadores, Meu Primeiro Casamento figurou na premiação da Academia de Cinema Argentino apenas com quatro indicações, quase todas técnicas – do elenco principal, somente Martín Piroyansky foi indicado como Ator Coadjuvante (a título de curiosidade, o grande premiado de 2011 foi o fenômeno Um Conto Chinês, que ganhou como Melhor Filme, Ator, para Darín, e Atriz Coadjuvante, para Muriel Santa Ana). Um resultado merecido, pois trata-se de uma comédia boba e sem maiores inspirações, iguais a tantas que são repetidas constantemente na Sessão da Tarde. E fica aqui a torcida para que Daniel Hendler, um ator de talento comprovado, continue se aventurando por outros mercados – como no Brasil, onde filmou o interessante Cabeça a Prêmio, de Marco Ricca, no ano passado – pois pelo jeito as oportunidades de lá já não são mais tão atraentes quanto foram no passado.
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