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Sinopse

Quando uma mãe solteira compra um apartamento novo, ela não imaginava que um elfo doméstico também morava no lugar. Perseguido por uma bruxa que foi paga para tirá-lo da casa, Domovoy é contra qualquer inquilino. Os novos proprietários precisarão fazer amizade com a criatura, que protege da bruxa o tesouro escondido na residência.

Crítica

Vika (Ekaterina Guseva) acaba de comprar apartamento num antigo e imponente edifício de Moscou. O que a arquiteta e mãe solteira da pequena Alina (Alexandra Politic) não sabe é que o local é habitado por um elfo doméstico (ou Domovoi) – papel de Sergey Chirkov – criatura mítica e dotada de poderes mágicos. Amargurado por traumas de seu passado, o elfo, geralmente um ser amigável e protetor, se dedica a fazer o possível para que cada novo inquilino desista de morar no local, e com Vika e Alina o caso não é diferente. Além de travar uma verdadeira batalha contra o Domovoi, mãe e filha também acabam tendo de resistir às investidas de uma feiticeira, Mama Fima (Olga Ostroumova-Gutschmidt), inicialmente contratada pela agente imobiliária para se livrar do elfo e que está interessada em se apossar de um tesouro escondido pela criatura sob o assoalho do apartamento.

Toda essa premissa de Meu “Querido” Elfo é atirada sobre o espectador logo nos primeiros minutos de projeção, sem qualquer contextualização ou introdução feita pelo diretor Evgeniy Bedarev. Nas cenas iniciais já acompanhamos Mama Fima tentando expulsar o Domovoi, bem como a chegada de Vika e Alina e o início de seu conflito com o mesmo. Conflito este que se dá por um jogo de truques, feitiços e artimanhas que domina boa parte da trama e logo se mostra repetitivo e sem criatividade. O roteiro simplista e ingênuo busca visivelmente dialogar com um público infantil bastante jovem, contudo, diversos elementos destoam completamente de tal proposta, soando bastante inadequados, para dizer o mínimo. O caso mais gritante é o do personagem do chefe assediador de Vika, mas o sentimento de inadequação também se estende à crueldade de certos diálogos e ainda à questão da violência que, mesmo cartunesca na maior parte do tempo, também parece exceder a linha cômica inofensiva imaginada para o público-alvo da produção.

Até mesmo o personagem do gato falante e suas trocas de farpas com o elfo acabam apresentando um conteúdo muito mais adulto do que infantil. Enquanto Bedarev foca na disputa central – situação esticada para muito além de seu potencial – que leva Vika a perder seu emprego, ao mesmo tempo em que Alina tenta se aproximar e amolecer o coração do Domovoi, a subtrama da busca de Mama Fima pelo tesouro – com o auxílio de seu filho submisso – é praticamente esquecida, só sendo retomada, de fato, no último ato. Essa falta de equilíbrio entre os arcos resulta numa narrativa sem ritmo e maçante. A direção burocrática de Bedarev não contribui, sendo inepta à criação de qualquer situação ou drama realmente envolvente, ancorada na citada repetição das sequências de embates do elfo com Vika ou com os profissionais místicos contratados por ela para derrotá-lo, sempre apresentadas com montagem videoclíptica e embaladas por canções pop – todas curiosamente em inglês.

Tais artifícios formais, juntamente com os incansáveis planos de transição trazendo imagens aéreas do edifício, parecem ser a única cartada do diretor, que também não consegue esconder as limitações da produção, escancaradas pelos efeitos especiais modestos e pelo número reduzido de tomadas externas. Quase toda a ação se desenvolve dentro do apartamento, que conta com uma direção de arte bastante artificial – algo aparentemente proposital – assim como as evidentes paisagens projetas em fundo azul. Embora possa ter um apelo maior junto ao público local, mais familiarizado, a mitologia em torno do Domovoi nunca chega ser devidamente aprofundada, sendo tratada como algo extremamente corriqueiro por todos os personagens.

Mesmo a esse público específico, Meu "Querido" Elfo termina não oferecendo maiores atrativos, com poucos elementos diferenciais que possam ser extraídos para garantir o interesse de crianças ou de adultos. O que resta é apenas um exemplar muito fraco, e não necessariamente representativo, da crescente produção de cinema de fantasia/terror/ficção-científica russo, que cada vez mais vem sendo exportada para o resto do mundo.

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é formado em Publicidade e Propaganda pelo Mackenzie – SP. Escreve sobre cinema no blog Olhares em Película (olharesempelicula.wordpress.com) e para o site Cult Cultura (cultcultura.com.br).
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