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Sinopse

Manuel é um vaqueiro apaixonado por sua noiva, Das Dô, e também por sua mula, Beija-fulô. Um dia, o matador Targino tenta comprar o animal, mas Manuel decide vender uma outra, doente. Ao descobrir que foi enganado, o bandido promete vingança contra o rapaz e sua noiva. A solução para o peão será recorrer ao feiticeiro Toniquinho das Pedras, pedindo proteção espiritual para enfrentar seu inimigo. No entanto, o bruxo exige Beija-fulô como pagamento, e agora Manuel precisa decidir entre proteger a noiva e a própria vida, ou ficar com seu animal de estimação.

Crítica

Enquanto a reclamação de que o cinema nacional só produz comédias de humor raso não tem hora para acabar, feita em (boa) parte por quem investe em outros gêneros, uma produção inédita de 2012 encontra data para estrear. Meus Dois Amores é comédia sim, mas traz para as salas brasileiras uma adaptação do conto Corpo Fechado, que está longe de ser um dos mais conhecidos de Guimarães Rosa, mas mantém bem perto o estilo das histórias de sertão do autor, famoso pelo uso de expressões da terra.

Escrito por José de Carvalho, de títulos distintos como Bruna Surfistinha (2011) e Castelo Rá-Tim-Bum: O Filme (1999), o roteiro é simples e funciona ao contar a saga de um fanfarrão que vira herói de uma pequena cidade. Nela, o peão Manuel (Caio Blat) tem duas paixões das quais não pretende abrir mão: a noiva Dasdô (Maria Flor) e a mula Beijafulô. Malandro da roça, ele entra numa enrascada por conta de um negócio mal feito com um matador (Alexandre Borges), que sequestra sua amada, exige a mula como pagamento e o desafia para um duelo. Para tentar vencer o vilão, ele recorre a um curandeiro da cidade, pedindo que mantenha seu corpo fechado.

Marcando a estreia de Luis Henrique Rios como diretor no cinema, o longa produzido pelo veterano de filmes infanto-juvenis, Diler Trindade, conta com elenco recheado de nomes e rostos conhecidos do grande público. Além dos já citados, estão lá fazendo participações Lima Duarte, Vera Holtz, Milton Gonçalves e Ana Lúcia Torre, assim como a humorista Fabiana Karla e uma sumida Carol "Anna" Aguiar, que fez sucesso na TV em novelas como Fera Ferida (1993). Todos emprestaram um sotaque devidamente roceiro para seus personagens, quase sempre carregados de humor e um típico exagero regional. É assim com a vó que mata morcegos na chinelada ou no bobalhão Zéza (Guilherme Weber), cupincha do herói.

Visualmente, Meus Dois Amores é bem resolvido. Rodado em fazendas de Minas Gerais e Rio de Janeiro, tem bons figurinos, lembraram de amarelar bem "os dente do pessoár" e reserva algumas cenas interessantes, como a que remete a um teatro de sombras, protagonizado pelo herói e sua amada. Momentos como esse confirmam a (boa) sensação de se estar diante de uma fábula bem humorada, que conta ainda com a boa trilha sonora de Plínio Profeta e uma versão nova, cantada por Lenine, da clássica "Fé Cega, Faca Amolada", de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos. É curtinho, poderia ter sido feito para a TV, mas ainda assim revelou-se uma grata surpresa. É ver para crer.

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é publicitário, crítico de cinema e editor-executivo da revista Preview. Membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, filiada a FIPRESCI - Federação Internacional da Crítica Internacional) e da ABRACCINE - Associação Brasileira dos Críticos de Cinema. Enviado especial do Papo de Cinema ao Festival Internacional de Cinema de Cannes, em 2014.
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CríticoNota
Roberto Cunha
6
Francisco Carbone
5
MÉDIA
5.5

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