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Sinopse

Um jovem inventor convida sua mãe para fazer uma longa viagem com ele. Enquanto o filho tenta encontrar compradores para a sua nova invenção, sua mãe aproveita para procurar por um antigo amor.

Crítica

O humor judaico é uma constante em Hollywood, e isso em grande parte se deve ao fato de muitos dos proprietários dos grandes estúdios e seus principais cineastas serem, obviamente, judeus – o que nunca foi mistério para ninguém. E dentro dessa linha cômica, poucos personagens são tão icônicos quanto à Mãe Judia, ou seja, aquela figura materna superprotetora e exagerada que torna a vida dos seus filhos em um tormento ao tentar mimá-los ao máximo. Pois bem, é exatamente este clichê que encarna a grande Barbra Streisand na comédia equivocada Minha Mãe é uma Viagem.

É curioso tentar imaginar o que levou Streisand a aceitar participar de um projeto tão estereotipado. No entanto, se levarmos em conta que seus longas anteriores a esse foram as duas continuações da série Entrando Numa FriaEntrando Numa Fria Maior Ainda (2004) e Entrando Numa Fria Maior Ainda Com a Família (2010) – e que seu último trabalho sério foi o romântico O Espelho Tem Duas Faces (1996), há mais de quinze anos, percebe-se que a artista está mais interessada em se divertir do que buscar verdadeiros desafios cinematográficos. Dona de dois Oscars – Melhor Atriz, por Funny Girl: A Garota Genial (1968), e Melhor Canção, por “Evergreen”, de Nasce uma Estrela (1976) – Barbra é um das maiores nomes do cenário pop contemporâneo, e sua presença desglamourizada, leve e solta, ao lado de um comediante atualmente em alta como Seth Rogen, deveria ser suficiente para garantir o interesse da audiência. No entanto, esta fórmula que combina elementos aleatórios, sem um texto original que os una, novamente revela-se frágil e sem consistência.

Dirigido por Anne Fletcher – cujo maior sucesso até então foi o simpático A Proposta (2009), com Sandra Bullock – a partir do roteiro de Dan Fogelman – do muito superior Amor a Toda Prova (2011) – Minha Mãe é uma Viagem é um claro exemplo de um filme preguiçoso, que se apoia quase que exclusivamente no suposto talento de seus protagonistas, deixando que o enredo vá acontecendo aos tropeços, como se o espectador estivesse tão feliz apenas por vê-los em cena que deixaria de reparar que nada mais faz muito sentido. Seth Rogen deixa de lado seu característico humor escrachado para assumir um tom contido como o inventor Andy Brewster, que precisa fazer uma viagem cruzando os Estados Unidos e, por um acaso do destino, tem como companheira de viagem a própria mãe, a viúva Joyce (Streisand). Como qualquer outro filme do gênero – do clássico Sem Destino (1969) ao recente Um Parto de Viagem (2010) – os dois tipos antagônicos irão entrar em conflito logo nos primeiros quilômetros do trajeto, para aos poucos irem se conhecendo melhor e até entendendo suas fraquezas e manias, até o momento em que estarão torcendo um pelo outro. Com a diferença de que, ao invés de desconhecidos, namorados ou amigos de longa data, temos uma inusitada dupla formada por mãe e filho.

Sem ser necessariamente engraçado na maior parte do seu tempo, Minha Mãe é uma Viagem vale uma conferida única e exclusivamente pela presença descompromissada de Streisand, longe da postura divônica que fez sua fama com o passar dos anos. No entanto, o enredo óbvio e a falta de um norte a ser seguido, que justifique as transformações destes personagens, tornam o resultado fraco e desinteressante. A indicação às Framboesas de Ouro como Pior Atriz – mais uma provocação à estrela do que uma constatação real – e o fraca desempenho nas bilheteria – não conseguiu cobrir nas bilheterias norte-americanas o custo de US$ 40 milhões da produção – comprovam, no entanto, que essa brincadeira individual não se saiu tão bem quanto o esperado, e é pouco provável que veremos a intérprete tão cedo à frente de um projeto de respeito. Uma conclusão a que se chega com imenso pesar.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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