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Sinopse

Júnior é uma minhoca adolescente com dificuldades de adaptação ao condomínio onde vive. Um dia, acidentalmente é escavado para fora da terra. Ele precisará viver altas aventuras para conseguir retornar ao seu lar.

Crítica

Baseado num curta-metragem de animação de 2005, Minhocas pode ser considerado, antes mesmo de sua estreia nos cinemas, uma experiência bem sucedida. Afinal, estamos falando do primeiro longa realizado no Brasil que faz uso com habilidade da técnica de stop motion, ou seja, com massinhas de modelar. E o resultado realmente impressiona. Assim como toda aposta pioneira, há excessos e deslizes, mas esses são mais relacionados à trama em si do que ao visual apresentado, que certamente deverá deixar muita gente de queixo caído. Quanto aos pequenos, a diversão é garantida, pois há ritmo suficiente para deixá-los atentos e personagens cativantes com os quais se identificar.

O protagonista dessa história, como não poderia ser diferente, é uma minhoca. Mas não uma qualquer, e sim um adolescente mimado e superprotegido pelos pais. Ele tem as melhores roupas e os brinquedos de última geração, mas é sempre motivo de chacota dos colegas. Com poucos amigos, só lhe aceitam nos jogos de tatu-bola porque é ele o dono da bola. Mesmo assim, isso não o impede de ser um legítimo perna-de-pau. Porém, em uma aposta com os outros meninos para provar sua valentia, acaba indo parar na superfície e se envolvendo em uma incrível aventura ao lado do melhor amigo, o nerd Nico, e da esperta e agitada Linda, por quem acabará se apaixonando. Os três terão que enfrentar os perigos oferecidos pelo terrível vilão Big Wig, um tatu-bola em busca de vingança – afinal, que história é essa de usá-los como se fossem uma pelota?

Os temas abordados em Minhocas são universais. Essa intenção, aliás, é explicitada inclusive pelos próprios cenários e letreiros, todos em inglês. Esta é uma obra, portanto, feita por brasileiros, mas digna de audiências internacionais – ou ao menos é esse o objetivo. Assim, ao tentar abranger a maior gama de público possível, perde-se especificidades locais, mas ganha-se em atemporalidade e acesso. Temos jovens inseguros, rapazes e mocinhas descobrindo o amor, pais precisando lidar com o amadurecimento dos filhos, fãs deixando as ilusões de lado e amizades sendo construídas onde menos se espera. Os personagens podem ter sido elaborados a partir de estereótipos simplistas – o herói possui óculos de fundo de garrafa; a garota é ousada, mas precisa ser resgatada no último instante; o bandido é mal até o último fio de cabelo – mas estas opções, curiosamente, funcionam a favor do enredo, que não perde muito tempo com explicações e parte direto para a ação.

Minhocas é, em última instância, um filme voltado para crianças e pré-adolescentes. No entanto, não representa um martírio para os aventureiros de mais idade que se arriscarem a conhecê-lo. As dublagens de nomes conhecidos como Rita Lee e Anderson Silva podem ser um atrativo à parte, mas o charme está mesmo na ousadia do projeto e na competência de sua execução. Com um desenvolvimento mais enxuto e algumas soluções não tão óbvias é provável que o todo fosse mais atraente, mas talvez fosse exigir demais para quem está recém dando os primeiros passos. Os votos, ao menos a partir do que se percebe aqui, é que estes signifiquem o início de uma longa caminhada.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
6
Chico Fireman
2
MÉDIA
4

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