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Sinopse

Gracie Hart nunca ficou empolgada por ter que ir disfarçada como uma concorrente a um concurso de beleza. Agora, Gracie, que trabalha para o FBI, está lidando com alguma atenção do público graças à sua valsa na pista. Sua repentina celebridade não impressiona sua nova parceira, Sam Fuller. Porém o par tem que colocar de lado suas diferenças quando uma ex-rainha da beleza amiga de Gracie, Cheryl Frasier, desaparece e o FBI é colocado para trabalhar no caso.

Crítica

O que dizer sobre um filme em que até os “erros de gravação” finais, que aparecem durante os créditos, são sem graça? Muito pouco, e é justamente esta a constatação ao término de Miss Simpatia 2: Armada e Poderosa, a volta de Sandra Bullock aos cinemas após quase três anos sumida (seu trabalho anterior havia sido a comédia romântica Amor à Segunda Vista, 2002). E, pelo que se vê na tela, ela bem que poderia ter estendido ainda mais suas férias.

Gracie Hart (Bullock), após ter sido bem-sucedida em sua missão anterior – o evento ligado ao concurso de Miss EUA, mostrado em Miss Simpatia (2000) – se tornou uma celebridade nacional. Como não consegue mais trabalhar sob disfarce – já que é sempre reconhecida – vira uma espécie de “relações públicas” do F.B.I., indo a tudo que é programa de televisão e conferência divulgando o nome da instituição. Quando a miss vitoriosa, sua amiga, e o organizador do concurso – Heather Burns e William Shatner, ambos reprisando seus papéis – são sequestrados, Gracie é obrigada a voltar à ativa para ajudá-los. E agora ela contará com a ajuda de uma guarda-costas – e rival – interpretada por Regina King (com poucas oportunidades), além de um assessor de estilo (Diedrich Bader, de Eurotrip: Passaporte para a Confusão, 2004).

Miss Simpatia 2 não funciona em mais de um aspecto, seja como mero entretenimento ocasional – a fórmula é cansada, e ninguém parece estar, de fato, envolvido com a história – quanto mais como sequência de uma produção de grande sucesso – não há absolutamente nada de novo em cena, contentando-se em apenas repetir tudo o que já havia sido visto antes. Massacrado pela crítica nos Estados Unidos, arrecadou menos de US$ 15 milhões no seu final de semana de estréia, desempenho bastante fraco. Irritando o espectador ocasional pela falta de piadas interessantes e incomodando o fã da estrela com um desempenho apagado e pouco convincente, a impressão que temos é que o filme existe apenas para tentar reanimar a carreira de Bullock – o que acabou não aconteceu, pois a atriz seguiu se envolvendo em projetos irrelevantes nos anos seguintes, como A Casa do Lago (2006) e Premonições (2007), até, enfim, encontrar o ponto de virada em A Proposta (2009).

Com um roteiro fraco, desconexo, em que os acontecimentos parecem não fluir, girando sempre sobre o mesmo ponto, e uma direção pouco inspirada do relativamente desconhecido John Pasquin (que anteriormente realizou projetos pouco memoráveis com Tim Allen, como Meu Papai é Noel, 1994, e Meu Filho das Selvas, 1997), o descontentamento não teria como ser maior. Salvando-se uma ou outra situação razoavelmente divertida – como a passagem pelo clube de drag queens, que numa análise mais crua não deixa de ser um mero reforço de estereótipos nada originais – o que é visto em Miss Simpatia 2 é assustadoramente trágico, para não dizer descartável e facilmente esquecível. Serve, no entanto, como registro de um momento de ocaso profissional de uma das maiores estrelas de Hollywood, que ficou por uns bons anos perdida entre produções medíocres que em nada ajudavam a enaltecer os seus pontos fortes. Àqueles dotados dessa curiosidade mórbida, talvez o esforço se justifique. A todos os demais, a irrelevância é o melhor destino para tal projeto.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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