Miss Violence
Crítica
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Sinopse
Aggeliki (Chloe Bolota) no seu aniversário de 11 anos se joga da varanda de casa com um sorriso no rosto. Sua família alega que não foi suicídio, mas sim um acidente e parece conformada com a morte da menina tentando, de todas as formas, continuar com suas vidas, perfeitamente organizadas. Em busca de respostas, promotores começam uma investigação para saber se foi, ou não suicídio e quais são os segredos obscuros que essa família, aparentemente perfeita guarda.
Crítica
Angeliki está completando 11 anos. Ela parece um anjo e recebe da família todos os cumprimentos de felicidade possíveis. Mesmo assim, não está muito feliz. É então que se afasta sorrateiramente de todos, em um momento em que as atenções estão em outras coisas em meio à festa de aniversário. Angeliki se pendura na sacada, sorri sutilmente para o espectador e pula. A câmera, em uma panorâmica, mira lentamente para baixo, passando por três andares até focar o corpo ensanguentado da garota na fachada do prédio. Uma imagem que choca todos ao seu redor (e podemos nos incluir nesse grupo).
Essa é a sequência de abertura de Miss Violence, drama comandado por Alexandros Avranas que fez muito sucesso no circuito de festivais em 2013, chegando a levar o prêmio de Melhor Direção em Veneza. Sem dúvida é uma passagem impactante, que estabelece logo de cara o tom pesado que o filme exibirá ao longo da história, ao acompanhar o modo como a família de Angelik lida com o incidente, ao mesmo tempo em que mostra gradualmente o porquê da menina acabar com a própria vida. Nisso, vale dizer, desde o início podemos ver que há algo errado (ou ao menos estranho) na vida daqueles personagens.
Alexandros Avranas é hábil ao criar uma atmosfera opressiva e angustiante para a história. Para isso, ele tem a ajuda do design de produção e da bela fotografia de Olympia Mytilinaiou, que ao utilizarem tons opacos tiram muito da vida que existe na tela. É algo que não só passa eficientemente o sentimento de depressão que toma conta de todos os envolvidos, atingindo principalmente o avô (Themis Panou) e a mãe, Eleni (Eleni Roussinou), mas também a própria natureza das coisas que acontecem por ali. Por sinal, ainda que o amor possa existir naquela família, isso não condiz e nem se equipara ao modo infeliz e apático como todos agem, como se convivessem uns com os outros por obrigação, ao invés de prazer. E é difícil não sentir um soco no estômago quando os segredos obscuros são revelados. Afinal, eles conseguem chocar mesmo que seja possível prevê-los em determinados momentos.
Enquanto isso, o elenco se revela irrepreensível. Interpretando o patriarca da família, Themis Panou se destaca com uma presença em cena que torna o avô uma figura temível, ainda que ocasionalmente mostre atos de carinho (um beijo no neto, por exemplo). Já Sissy Toumasi, como Myrto, a jovem tia de Angelik, surge como a única que dá sinais de alguma indignação com relação ao que vive. E se Eleni Roussinou faz de Eleni uma figura que é claramente controlada pelo pai, aparecendo sempre retraída em cena, como se não pudesse se expressar, Reni Pittaki, no papel da avó, cria uma figura imprevisível com poucas falas e gestos, atos que se revelam alguns dos mais surpreendentes do filme.
Assim, Miss Violence se estabelece como um grande exemplar do cinema grego, mas que também é o tipo de filme que, mesmo com todos seus méritos, seria difícil assistir de novo. Afinal, a sensação de desconforto que passa é tão grande que é preferível não senti-la novamente.
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Cinema grego de qualidade.
Um filme bem tenso, mas necessário! Tem uma crítica em www.artigosdecinema.blogspot.com/2014/10/miss-violence.html