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Sinopse

O agente secreto Ethan Hunt é desautorizado pelo presidente dos Estados Unidos após o país ser acusado por um bombardeio no Kremlin. Trata-se do início do Protocolo Fantasma, que visa acabar com os agentes da IMF. Sem qualquer recurso ou apoio, Ethan precisa encontrar um meio de limpar seu nome e o da agência em que trabalha.

Crítica

E diziam que andavas numa pior, hein, Tom Cruise? Depois de demonstrar sinais de loucura no programa da Oprah Winfrey, de virar um fanático pela Cientologia (espécie de religião) e de ser demitido do estúdio pelo qual lançou seus maiores sucessos – a Paramount – ele recorreu ao que sabe fazer de melhor e está de volta aos cinemas com um filme para tirar o fôlego de qualquer desavisado, crítico e fã. Missão: Impossível – Protocolo Fantasma, o quarto episódio da saga inspirada no seriado de televisão homônimo, é, senão o melhor de todos, o mais coerente dentro do universo da saga, pois resgata elementos já vistos anteriormente dentro de uma trama completamente nova. O público, como não poderia ser diferente, só pode agradecer!

Desde Guerra dos Mundos (2005), sua segunda parceria com Steven Spielberg, que Tom Cruise não tinha um verdadeiro campeão de bilheterias nas mãos. Missão: Impossível 3 (2006) foi bem, mas não conseguiu pagar os US$ 150 milhões do orçamento nos Estados Unidos – a despeito dos quase US$ 400 milhões arrecadados em todo o mundo. Leões e Cordeiros (2007) é uma obra de prestígio, mas os resultados nas bilheterias foram pífios. Operação Valquíria (2008) significou o começo de uma retomada, que não se concretizou na obra seguinte, o movimentado Encontro Explosivo (2010), que nem com a ajuda de Cameron Diaz conseguiu se pagar. Esse problema, no entanto, certamente não irá se repetir agora: antes mesmo de estrear em grande escala nos EUA Missão: Impossível – Protocolo Fantasma já arrecadou mais de US$ 100 milhões em todo o mundo! Quantia que certamente irá duplicar antes do final do ano! Tá bom ou quer mais?

Pois Cruise, pelo que vem demonstrando, quer muito mais. Ele não está sozinho, e conta mais uma vez com a ajuda de velhos conhecidos, como Simon Pegg (já visto no episódio 3) e de Ving Rhames (presente em todos os longas da série), além de uma rápida participação de Michelle Monaghan (também do episódio 3). Mas o destaque mesmo está nos novos convidados a esta verdadeira montanha-russa: Jeremy Renner, Paula Patton, Michael Nyqvist (da trilogia original Millennium), Anil Kapoor (Quem quer ser um milionário?, 2008), Tom Wilkinson, Josh Holloway (o Sawyer do seriado Lost, 2004-2010) e até a francesa Léa Seydoux. Muita gente boa reunida não apenas para servir de cenário para as loucuras definitivamente impossíveis do protagonista, mas para auxiliarem no processo de contar uma história da forma como ela merecia ser narrada, com muita vertigem, adrenalina, mistério e suspense. Ou seja, um resgate às origens com toda a categoria necessária.

Ao contrário do que foi visto nos filmes anteriores, agora o agente Ethan Hunt (Cruise) e seus colegas não estão mais a serviço do governo norte-americano. Muito pelo contrário, aliás. Após um ataque terrorista ao Kremlin, os Estados Unidos são acusados de serem os responsáveis pela agressão, e Hunt é o principal suspeito por ter sido visto no local. A questão, portanto, é por que ele estava em Moscou? O que o levou até lá e o que aconteceu em dois importantes momentos – entre os filmes 3 e 4 (pois, se na última vez que o vimos ele estava casado, agora reaparece solteiro e prisioneiro na Bósnia) e que ação paralela é essa que desmantelou a Força Missão: Impossível (IMF) e gerou essa tensão nuclear entre dois antigos inimigos que pode resultar em uma catástrofe de proporções globais? Na busca por estas respostas o agente especial, agora banido e sem os recursos que tanto facilitaram sua vida no passado, contará com o auxílio de apenas três colegas: Benji (Pegg, como o nerd tecnológico), Jane (Patton, a sedutora perigosa) e Brandt (Renner, excelente como o personagem de passado misterioso cujo lado só será revelado no decorrer da história).

Missão: Impossível – Protocolo Fantasma representa também um grande passo para o diretor Brad Bird, vencedor de dois Oscars pelas animações Os Incríveis (2004) e Ratatouille (2007), que finalmente estreia como realizador live action, com atores de verdade, perigos reais e dentro de um enredo que se apoia tanto no carisma do astro protagonista como numa trama que não só precisa respeitar o que já foi feito antes como também inovar dentro de um conceito original e impactante. Divertido, animado e incansável, esse é o filme ideal para mostrar que Tom Cruise, prestes a comemorar seus 50 anos de idade, está com mais gás do que nunca para recuperar seu posto de maior estrela de Hollywood.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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