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Sinopse
Durante uma missão em Praga, um grupo especial de agentes cai em uma cilada. O americano Ethan Hunt descobre que apenas ele e outra agente sobreviveram. Tomado como informante, ele foge e começa a agir por conta própria. Com a ajuda de um novo grupo, ele vai tentar limpar seu nome, descobrindo quem foi o espião que armou para o seu time.
Crítica
Esta adaptação da série de sucesso dos anos 1960 foi um dos filmes mais esperados na época de seu lançamento e, também, uma das maiores bilheterias de 1996. Muito acima deste retorno financeiro que gerou diversas sequências desde então, pode-se afirmar que Missão: Impossível é, além de tudo, um longa de ação superior a muitos, especialmente daquela década. Tudo graças aos principais nomes envolvidos: Tom Cruise e Brian De Palma. Além, é claro, da clássica trilha sonora, revisitada por Danny Elfman.
O ator investiu 70 milhões de dólares para produzir o longa e chamou ninguém menos que o cineasta fã de Alfred Hitchcock para dirigi-la. A escolha não poderia ser mais óbvia e acertada. Além de perito na estética das imagens, De Palma entende (ainda que não chegue perto de superar) como funciona uma trama de agentes secretos, tal qual o mestre do suspense. E que melhor maneira de comprovar tal característica com a trama deste primeiro longa da cinessérie, focada não apenas na espionagem como também no protagonista injustiçado? Eco de várias tramas hitchcockianas, de Os 39 Degraus (1935), passando por O Homem Errado (1956) até, é claro, Intriga Internacional (1959).
O que nos leva, é claro, até a história deste Missão: Impossível: Ethan Hunt (Tom Cruise) é o principal agente em uma missão em Praga, onde vários colegas morrem, um a um, em poucas horas. Só restam ele e outra agente o que, é claro, faz com que o espião se torne o principal suspeito de uma conspiração. Agora ele deve provar sua inocência num jogo de espiões duplos (e até triplos), com pouco espaço para aprofundamento de personagens ou complicações demais no entendimento, apenas muita ação e uma história rasa, ainda que extremamente eficiente.
Cruise e De Palma se uniram a um elenco de peso (Jon Voight, Emmanuelle Béart, Henry Czerny, Jean Reno, Ving Rhames, Kristin Scott Thomas, Vanessa Redgrave), ainda que poucos tenham a chance de mostrar muito de seu talento. Mas afinal, estamos falando de um filme de ação dos anos 1990. Seria justo comparar este com os mais recentes exemplares da própria série ou de seu "concorrente" James Bond? Até dez anos atrás, o que mais se via era um gênero desgastado, com grandes nomes demais à frente de projetos que, de interesse real, não tinham nada. Não precisa comparar muitos longas de ação lançados entre 1980 e 2005 para saber quais se sobressaem: são aqueles com um mínimo de roteiro que não insultem a inteligência do público, além de apresentar sequências explosivas memoráveis. Algo que este exemplar ganha diversos pontos.
De Palma comanda como ninguém o show e são vários os exemplos que o filme apresenta para atestar: seja numa tensa conversa entre Hunt e seu chefe, com os rostos enquadrados de baixo para cima, numa espetacular edição; no embate final que envolve um trem, um helicóptero, leis da física indo por terra e muitas explosões angustiantes ocorrendo; ou, na principal e mais emblemática delas, a invasão do computador central da agência, com Hunt vestido de preto, preso por uma corda e passando pelo alarme infravermelho, numa conotação quase erótica, fetiche típico do diretor.
É claro que tudo isto não funcionaria sem um ator carismático à frente do projeto. Nunca fui e, provavelmente, não serei fã de Tom Cruise até o fim de sua carreira, mas não há como negar que seu estilo de "eu sou o cara" cabe perfeitamente na pele de Ethan Hunt, tornando-o um personagem até crível e humano para os parâmetros hollywoodianos. Não à toa, mesmo quase 20 anos depois, ele continua sendo o agente bom de briga nas diversas sequências da série, das melhores às mais básicas. Missão: Impossível pode não ter reinventado o gênero, mas serviu para dar um novo fôlego que perdura até hoje com grande sucesso nas telonas.
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