Crítica
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Sinopse
Nick e Audrey Spitz são detetives em tempo integral se esforçando para que sua agência decole. Convidados a celebrar o casamento de um amigo numa ilha particular, eles entrarão em ação quando o noivo for sequestrado.
Crítica
Não é segredo que o humorista Adam Sandler se sai melhor nas telonas quando se propõe a encarnar personagens dramáticos. Tal situação foi comprovada pela primeira vez com Embriagado de Amor (2002) e, mais recentemente, confirmada com obras como Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe (2017), Joias Brutas (2019) e Arremessando Alto (2022). Em Mistério em Paris, continuação do sucesso da Netflix Mistério no Mediterrâneo (2019), o ator, infelizmente, volta a sua zona de conforto, apresentando um enredo que se assemelha a um encontro de amigos, sem muitas pretensões de oxigenação da sua trajetória.
O enredo, assim como o primeiro filme, não demora em ordenar papéis e situações. Com menos de 15 minutos de duração, sabemos que Nick (Sandler) e Audrey Spitz (Jennifer Aniston) estão se acostumando ao novo trabalho de investigadores independentes. Ao serem convidados para um casamento de luxo do amigo Maharajah (Adeel Akhtar), enxergam a chance de relaxar um pouco do cotidiano exaustivo. Entretanto, o bilionário noivo é sequestrado e ambos se propõem a mergulhar no caso.
A partir daí, é interessante perceber que há uma potencial confusão de compreensões entre os três comandos criativos da empreitada. Na ponta de cima do triângulo, temos Adam como produtor e manda-chuva, como de costume em suas incursões; no canto inferior esquerdo, há o roteirista James Vanderbilt (Independence Day: O Ressurgimento, 2016) tentando construir uma estrutura narrativa examinadora nos moldes de Entre Facas e Segredos (2019), mas numa versão mais suave; e, por fim, chegamos à esquina direita com o diretor Jeremy Garelick (Padrinhos Ltda., 2015) como responsável pela condução da aposta. É conveniente pensarmos que não houve um consenso. A comédia - parte que cabe a Sandler - pouco existe, e todas as outras construções precisam se ajustar aos gags (humor transmitido, na maioria das vezes, sem uso de palavras) roteirizados. Piadas são escassas e, quando presentes, a maioria gira em torno de questões relacionadas à comida ou reverência ao elitismo.
Para além do astro principal, é curioso notar como Aniston, uma atriz vencedora do Emmy, parece ter se acomodado em papéis que não exigem muito de seu talento. Aqui, sua atuação não possui entusiasmo, tornando-se apenas uma réplica de várias comédias medianas na qual se aventurou na última década, o que é decepcionante considerando a estrela que possui. Na mesma esteira, temos os europeus Mark Strong e Mélanie Laurent descompassados com a proposta. Ambos encarnam personagens subdesenvolvidos, rejeitados ao protocolar. Enquanto Strong incorpora uma versão 2.0 de Sherlock Holmes que pouco empolga, Laurent dá vida a esposa de Maharajah e não possui linhas de diálogo expressivas.
No geral, Mistério em Paris acaba desperdiçando talentos. Pode-se argumentar que o entretenimento é “sincero” ou “simples”, mas, sem dúvida, é difícil não contrapor apontando tais elementos contraproducentes que asfixiam o resultado final. Nos frigir dos ovos, considerando a excelência do protagonista em produções mais delicadas, vale questionar: há quanto tempo Adam Sandler não nos faz gargalhar de verdade?
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Victor Hugo Furtado | 3 |
Robledo Milani | 6 |
MÉDIA | 4.5 |
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