Crítica
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Sinopse
O capitão Ahab está obcecado por caçar Moby Dick, a baleia que arrancou sua perna. Sua febril sede de vingança coloca em risco a integridade física da tripulação.
Crítica
Houve um tempo em que o cinema se propôs a contar histórias. Histórias como contam tios e avôs às crianças da família, impressionando-as a ponto de arregalarem os olhos, aquietando os agitados, e fazendo com que a experiência permaneça pelo resto da vida. Para isso, os espectadores deixavam suas casas rumo a um lugar especial. A luz diminuía e o escuro isolava o apático cotidiano das pessoas do lado de fora, como se as defendendo do presente. Ao aumentar gradualmente, o silêncio eram as trombetas a anunciar o único recomeço possível. Como em A Rosa Púrpura do Cairo (1985), o delicado filme de Woody Allen, o cinema ocupava o espaço dos sonhos, possivelmente onde guardamos o melhor de nós. John Huston foi um dos pilares desse momento mágico. A volúpia incontida por grandes histórias o fez levar à tela Moby Dick (1956), adaptação irretocável do clássico de Herman Melville.
A história é a de Ismael, um homem à procura de aventuras que deem gosto e cor à existência. A busca o leva a embarcar no The Pequod, navio comandado pelo capitão Ahab. Homem de gênio complicado, entre as muitas peculiaridades do capitão está a obsessão com a baleia Moby Dick. O trabalho do diretor é espantoso. Ainda que a comparação entre original e recriação seja sempre problemática – na maioria dos casos, um equívoco –, o diretor conseguiu igualar no cinema os méritos da obra literária. Narrado em primeira pessoa, o longa conta com Richard Basehart no papel de Ismael e o grande Gregory Peck como o protagonista.
A sequência de abertura do filme, na qual o texto em off nos apresenta os motivos para a viagem - e que, no fundo, sentimos estar empreendendo conjuntamente – é uma antecipação da escolha pela fidelidade literária. Assinado pelo diretor em dupla com o escritor Ray Bradbury, o roteiro equilibra as linguagens do cinema e da literatura em cenas antológicas, como a do sermão de Jonas e a Baleia. No início, o travelling nos leva à Igreja na qual podemos conferir uma série de inscrições alertando sobre os perigos do mar. Em seguida, o discurso impactante realizado por um Orson Welles pastor toma conta do filme. A sequência intercala os rostos amedrontados dos fiéis, entre eles o protagonista. Colocada pouco antes do início da aventura, a situação reforça a grandiosidade da empreitada em que estamos prestes a embarcar, assim como ressalta a possibilidade de não voltarmos vivos.
Reconhecidamente um realizador de épicos, Huston constrói Moby Dick apoiando-o sobre três ferramentas: as narrativas contundentes, as cenas grandiosas e a trilha sonora arrebatadora. Tal composição recria de maneira impressionante a atmosfera do gênero e os perigos em alto-mar. Tudo isso em sem deixar de lado o humor ácido característico do diretor, que encontra na figura da Igreja o alvo do momento. Movido pela obsessão a um animal que amputara sua perna, Ahab é o personagem ideal para John Huston. Atento às histórias em que os homens lutam contra fraquezas e inclinações, configurando batalhas psicológicas dificilmente passíveis de conciliação, o cineasta fez deste o filme considerado impossível para muitos literatos. Da mesma forma, coroou a própria filmografia com uma obra retumbante.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Willian Silveira | 10 |
Chico Fireman | 7 |
Bianca Zasso | 8 |
Lorenna Montenegro | 9 |
MÉDIA | 8.5 |
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