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Sinopse

Depois de se esconder na Europa, Blaze é recrutado por uma seita secreta da igreja para salvar um garoto do demônio. Johnny tenta recusar o chamado, mas essa é a sua grande chance de se livrar de sua maldição.

Crítica

Um coisa todo mundo sabe há anos: Nicolas Cage é um dos maiores fãs de histórias em quadrinhos de Hollywood. Agora, o que se está descobrindo há pouco é que o cara é capaz de fazer insanidades em nome dessa paixão. Como esse Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança, segundo longa dedicado ao personagem demoníaco da Marvel. Cage tentou ser o Superman, o Homem-Aranha e vários outros personagens mais conhecidos em projetos que, de um jeito ou de outro, acabaram naufragando. Com isso o tempo foi passando, ele envelhecendo, e só lhe restou mesmo tentar a sorte com esse tipo do segundo escalão da editora. O Motoqueiro Fantasma dificilmente é visto dividindo as páginas dos gibis com o Capitão América, com o Thor, com o Hulk ou com o Homem de Ferro. Ele se assemelha mais ao Blade, o caçador de vampiros, que também já foi adaptado para o cinema em produções mais simples (1998 – 2002 – 2004), todas estreladas pelo desaparecido Wesley Snipes. Só que nem estas eram tão toscas e amadoras quanto essa última protagonizada pelo ator que um dia ganhou um Oscar (por Despedida em Las Vegas, em 1995).

O primeiro longa, simplesmente batizado como Motoqueiro Fantasma (2007), já era horrível, mas ao menos foi competente em não machucar nenhum dos envolvidos: a crítica detestou, mas as bilheterias responderam à altura do investimento, cobrindo em todo o mundo o dobro do orçamento, que ficou em US$ 110 milhões. Desta vez os gastos foram reduzidos à metade, e nem assim o público comprou novamente a ideia: o faturamento, até o momento, após um mês em cartaz, não atingiu os US$ 50 milhões nos Estados Unidos. E pelo que se vê na tela, é de se perguntar como foi tão longe! Nicolas Cage está cada dia mais caricato, como se tivesse desaprendido – ou simplesmente se cansado – de como atuar, e tudo o que entrega são caretas e gestos robóticos. Os coadjuvantes são risíveis – nem o geralmente bom Ciarán Hinds consegue escapar ileso. A direção da dupla Mark Neveldine e Brian Taylor, os mesmos dos descartáveis Adrenalina (2006), com Jason Statham, e Gamer (2009), com Gerard Butler, é tão no piloto automático que nada além do óbvio pode ser esperado.

O tal Espírito de Vingança do título seria a origem da maldição que atormenta Johnny Blaze (Cage), um homem que fez um pacto com o diabo e por isso hoje em dia se transforma num ser monstruoso sem força de vontade própria que caça vilões ou qualquer outro que se meta no seu caminho. A trama se constrói em torno de um garoto, que seria filho do demônio – fruto de um outro acordo deste com uma cigana – e atrás do qual todos estão: religiosos, místicos e até o pai do menino, que está na Terra em busca do que é seu. Um dos padres que tenta proteger a criança faz uma oferta à Blaze: caso ele a defenda, sua maldição será retirada. Para isso, será conjurado o Espírito da Justiça, força antagônica que anularia a maldição que envolve o protagonista. Mas, claro, nada será fácil, pois as forças do mal possuem muitas armas.

O maior e mais evidente problema de Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança é, mesmo, Nicolas Cage. Ele está MUITO ruim. Sua presença em cena chega a ser incômoda. E como ele é – ou ao menos já foi – um astro do primeiro time de Hollywood, com ele vêm junto expectativas muito altas, que vão sendo destruídas uma a uma durante toda a projeção. Quando o monstro o possui e o que vemos é apenas o Motoqueiro em ação, com seu rosto esquelético em chamas, a aventura até fica um pouco divertida. Mas nada além disso. Se fosse um longa descompromissado, sem a menor ambição, talvez até fosse possível encontrar um ou outro ponto forte em tudo isso. Porém, com tantos destaques juntos sendo desperdiçados, ao espectador resta apenas contemplar o desastre e torcer para que tudo acabe o quanto antes.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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