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Sinopse

Johnny Blaze trabalha como dublê e piloto de motocicleta. Há muito tempo ele fez um pacto com Mefisto para proteger as duas pessoas que mais amava: seu pai, Barton, e sua namorada de adolescência, Roxanne Simpson. Em troca, se transforma à noite no Motoqueiro Fantasma, o justiceiro de alguns demônios bastante cruéis. Forçado a obedecer as ordens de Mefisto, Johnny decide enfrentá-lo de forma a usar sua maldição para proteger pessoas inocentes.

Crítica

Mesmo os leitores mais assíduos de histórias em quadrinhos podem, por força do acaso, terem se mantido distante do Ghost Rider (ou, como é chamado no Brasil, Motoqueiro Fantasma). Afinal, é um personagem obscuro do segundo (ou terceiro...) escalão da Marvel, muito longe da popularidade de um Homem-Aranha ou dos X-Men. É mais ou menos como Blade, com poucos fãs, porém fiéis. E foi baseado no bom resultado da adaptação do caça-vampiros interpretado por Wesley Snipes que se decidiu levar para a tela grande o Espírito da Vingança. Entretanto, com um roteiro confuso, um astro em visível decadência, efeitos especiais canhestros e um diretor pouco criativo, o resultado não tinha como ser mais constrangedor. Provavelmente era para ser uma aventura com altas doses de adrenalina, mas o que se vê é uma comédia involuntária pouco inspirada.

Faz um bom tempo que Nicolas Cage não emplaca um sucesso. O último foi A Lenda do Tesouro Perdido (2004). Desde então tem aparecido em uma bomba atrás da outra, como O Sacrifício (2006). E quando tudo apontava para mais uma a caminho, a surpresa: Motoqueiro Fantasma se confirmou, no primeiro final de semana em cartaz, como a maior bilheteria de estréia de toda a carreira do ator oscarizado por Despedida em Las Vegas (1995). Foram mais de 44 milhões de dólares arrecadados em apenas 3 dias nos Estados Unidos. Se por um lado parece ter agradado a platéia, com a crítica o resultado não foi o mesmo. No site das Framboesas de Ouro (que elege os piores filmes do ano), foi eleito o "Worst Movie of the Week" (pior filme da semana), enquanto que no Rotten Tomatoes (que reúne os principais críticos dos Estados Unidos), o filme recebeu uma aprovação de 27%. E, entre a crítica e o público, definitivamente a razão está com os primeiros!

Os problemas de Motoqueiro Fantasma são muitos. O roteiro é pra lá de confuso (é praticamente impossível entender os propósitos do protagonista, além da conclusão ser uma das mais absurdas da temporada, afinal, ele preferiu continuar amaldiçoado ao invés de ficar com a mocinha?), os atores estão péssimos (se Cage está se confirmando como um notório canastrão, a até então bela Eva Mendes é que desponta como a maior decepção), os diálogos são amadores e os efeitos especiais são muito fracos. A originalidade passou longe da produção.

Com direção do péssimo Mark Steven Johnson (o mesmo do problemático Demolidor: O Homem sem Medo, 2003), o filme fica indeciso entre se levar à sério (algo que nunca consegue, permanecendo na intenção) e em se firmar como um bizarro híbrido de comédia romântica de aventura (até chega a comover e provocar alguns risos da audiência mais despreocupada, mas só arranca irritação do espectador atento). Nem coadjuvantes de algum peso, como Peter FondaWes Bentley ou Sam Elliott conseguem atrair uma maior simpatia. O desastre é grande demais, e o melhor é esquecê-lo o quanto antes. Motoqueiro Fantasma deveria servir como aquecimento para um ano em que os heróis dos quadrinhos prometem, e até atinge esta intenção, porém num sentido inverso: a frustração é tamanha que tudo que consegue é nos fazer desejar com ainda mais ardor o início de uma nova era da Marvel nas telas. O que, felizmente, não tardaria muito para acontecer.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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