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Sinopse

Jovem escritor com o dom da poesia, Christian se muda para o bairro boêmio de Montmartre, em Paris, onde fica o famoso cabaré Moulin Rouge. Nesse ambiente efervescente, ele conhece Henri de Toulouse-Latrec, que o apresenta ao meio social, e acaba se apaixonando por Satine, a mais bela e desejável cortesã da França.

Crítica

A crítica especializada considera Chicago (2002), adaptação cinematográfica de Rob Marshall do espetáculo homônimo da Broadway, o musical que deu sobrevida ao gênero nas últimas décadas. Mas, verdade seja dita, apesar de sua qualidade, a produção não conseguiu alcançar um status de culto entre os cinéfilos. Longe de desmerecê-la, é necessário, porém, destacar que, depois de quinze anos de seu lançamento, o marco da retomada dos musicais nos anos 2000 é de Baz Luhrmann, o frenético Moulin Rouge: Amor em Vemelho.

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A trama romântica passada na virada do século XIX traz o poeta inglês, que jamais havia se apaixonado, Christian (Ewan McGregor), desembarcando em uma Paris efervescente e embalada por um alto teor alcoólico de copos de absinto, além de uma turma capitaneada por ninguém menos que o pintor Toulouse Lautrec (John Leguizamo). Em paralelo, o local que centraliza a cena boêmia do bairro de Montmartre, o bordel Moulin Rouge, apresenta sua atração principal: a desejada cortesã Satine (Nicole Kidman). Presa em uma relação comprada pelo Duque (Richard Roxburgh) e incentivada pelo dono do mítico cabaré, Harold Zidler (Jim Broadbent), com o intuito de salvar o local da falência, Satine é enredada sentimentalmente num encontro com o poeta, envolvimento este que poderá colocar tudo a perder.

Entre mentiras e a criação de um ambiente prazeroso para o Duque, Christian e sua turma encabeçam a produção de um espetáculo épico na casa noturna, maneira de se manterem próximos de Satine. Porém, a apresentação e o próprio local estão por um fio quando o relacionamento dos amantes se torna muito intenso. O que Luhrmann coloca em sua história é a receptividade ao ato de amar. Enquanto o poeta precisa do sentimento para poder escrever com propriedade, a cortesã necessita se permitir a conhecê-lo. Porém, como em toda obra baseada no romantismo, uma fatalidade moralista coloca tudo em xeque.

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Luhrmann não ganhou o título de visionário – pomposo até demais – por nada. Sua marca está no conceito, nas atuações excepcionais, na edição dinâmica, nos figurinos e na direção de arte assinada por Catherine Martin e, ainda, na fabulosa ideia de utilizar uma colagem de músicas contemporâneas, porém ambientadas nesta trama da virada do século. Estão lá, em novas versões, canções de Madonna, Elton John, The Police, David Bowie, Queen e até mesmo Diamonds Are Girls Best Friend, originalmente interpretada por Marilyn Monroe, embalando uma das mais memoráveis cenas da carreira de Nicole Kidman. Luhrmann estrutura seu roteiro baseando-se no livro A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas filho, que também tratava de um jovem burguês apaixonado por uma cobiçada cortesã parisiense. Pode parecer uma incansável justaposição de conteúdos já originalmente criados e apenas costurados, mas o diretor australiano os reformula a fim de integrá-los da maneira que lhe convém. E é exatamente isto o que torna Moulin Rouge: Amor em Vemelho este clássico instantâneo do gênero musical: a visão de Luhrmann que agrega os componentes e os configura em função de sua trama, mantendo respeito total pelo material original.

Entre as danças de cancan e a colagem de referências, há espaço para canções originais ainda mais memoráveis, como o tema Come What May, em belíssima interpretação de Nicole Kidman e Ewan McGregor. É reservado aos protagonistas boa parte dos louros da produção, pois eles expressam na tela uma ótima química. O impacto do infeliz destino de Satine, elevado ao melodrama por Luhrmann, ganha nuances delicadas na interpretação de Kidman. Sua construção de uma Satine desconfiada, forte e independente que, aos poucos, demonstra uma fragilidade imensa até então escondida, justifica as diversas indicações a prêmios.

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Com o passar de mais de uma década de sua estreia mundial, no Festival de Cannes, e mais de 130 indicações a prêmios internacionais (oito delas ao Oscar), o formato da produção continua insuperável. Além de Chicago, foram raras as vezes em que se assistiu um musical com tanta importância e reconhecimento pelo grande público e também pela crítica. As reações a Moulin Rouge: Amor em Vemelho, na época, foram extremas. Não havia meio-termo, não havia como ficar indiferente a esta viagem de Luhrmann e sua trupe. Se a resposta extrema ao material do diretor continuar, certamente é um bom sinal.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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