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Sinopse

Terroristas palestinos assassinam atletas israelenses durante as Olimpíadas de Munique, na Alemanha, em 1972. Um agente da Mossad é mergulhado numa perigosa investigação.

Crítica

Que Steven Spielberg é o diretor de cinema mais popular do mundo ninguém tem dúvidas. Isso, no entanto, não quer dizer que ele seja o melhor, quanto mais à prova de falhas. O ano de 2005 deixou isso claro. Nem Guerra dos Mundos, o espetáculo-catástrofe estrelado por Tom Cruise, e muito menos este Munique, a pretensa obra séria, ambos levados aos cinemas com diferença de poucos meses, conseguiram ser eficientes em seus objetivos.

Os que acompanham a carreira do cineasta devem ter percebido que ele tem esta curiosa mania de lançar dois trabalhos com propostas diferentes quase que simultaneamente. Foi assim em 1989 (Indiana Jones e a Última Cruzada e Além da Eternidade), em 1993 (Jurassic Park e A Lista de Schindler), em 97 (O Mundo Perdido e Amistad), em 2002 (Prenda-me se for capaz Minority Report) e em 2011 (As Aventuras de Tintim e Cavalo de Guerra). O primeiro lançamento, geralmente no verão norte-americano, é o filme para as massas, de grande bilheteria, enquanto que o segundo é o mais adulto, voltado para a crítica e para a consagração intelectual. Em algumas destas ocasiões os objetivos foram alcançados, mas em outras, como no ano de 2005, o efeito não foi tão positivo. Mesmo Guerra dos Mundos tendo tido um ótimo retorno financeiro, foram poucos os que saíram dos cinemas satisfeitos. Munique, por sua vez, teve uma carreira controversa, e apesar de ter recebido 5 indicações ao Oscar – inclusive para Melhor Filme e Direção – saiu de mãos abanando, sem nenhum resultado positivo.

Munique parte do ataque terrorista que assassinou 11 atletas judeus durante as Olimpíadas de 1972 na cidade alemã que dá título ao filme. Porém, quem pensou que esta trama seria sobre como este lamentável e triste episódio se sucedeu, enganou-se. Spielberg teve como base o livro “A Hora da Vingança”, de George Jonas, que por sua vez construiu seu texto a partir do relato supostamente verídico de um ex-militar israelense chamado apenas de Avner (no filme interpretado por Eric Bana). O diretor, portanto, preferiu focar sua atenção nas consequências deste atentado, ou melhor, na tática de retaliação dos governo israelense contra os responsáveis pelo crime. De uma forma um tanto fantasiosa, ele coloca a própria primeira-ministra de Israel, Golda Meir, conferindo a um seleto grupo de homens a missão de eliminarem um a um todos os que estiveram por trás da tragédia que ficou conhecida como “Setembro Negro”.

Com um assunto tão sério em mãos, somado ao fato do próprio Spielberg ser judeu, era de se esperar uma obra que estimulasse a reflexão e a análise. O que vemos, no entanto, é um “toma-la-da-cá”, onde uma morte só gera outra, com exageros de violência. Talvez a discussão fosse exatamente essa, mas faltou uma conclusão mais apropriada. A disposição de clichês pouco estimulantes, como a cena da menina que atende o telefone, também serve para aumentar a insatisfação. Por fim, o longa desperdiça seu potencial num emaranhado de possibilidades. Ao invés de chocar, banaliza. Em vez de provocar, simplifica. E sem tomar uma posição forte, o que se tem é mera confusão, notada principalmente pela extensa duração do filme, pela quantidade de sequências desnecessárias e por um final supostamente revelador que não choca ninguém. Ou seja, foi uma chance que se perdeu, e pelo jeito não há quem se importe com isso.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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