Crítica
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Sinopse
Dois meninos, cujos pais são divorciados, vão passar as férias na Suécia com o pai. Este os leva para uma casa perdida na floresta, à beira de um lago. Benjamin, o filho mais velho, começa a se preocupar com o comportamento estranho do pai. E quanto mais os dias passam, menos o pai parece considerar a volta deles.
Crítica
A indicação de Corra! (2017), de Jordan Peele, ao Oscar de Melhor Filme reavivou entre os admiradores do cinema a discussão do chamado pós-horror que, em resumo, é como alguns gostam de denominar os filmes do gênero que não estão preocupados com sustos. Pois bem, não há mal algum em fugir aos clichês para surpreender a plateia, e basta ter mais de uma dezena de filmes assistidos no currículo para saber que nem apenas de fantasmas e monstros se faz um espectador apavorado. Dramas familiares, como se propõe a ser Na Floresta, podem causar mais pesadelos que qualquer noite ao lado de Freddy Krueger.
Na Floresta, lançado em 2016, tem como centro de sua trama a relação complicada de um pai com seus dois filhos. Ele está separado da esposa e morando na Suécia. Os encontros entre os três, portanto, são raros. Porém, com a chegada das férias escolares, surge a oportunidade de Tom, interpretado pelo expressivo Timothé Vom Dorp, e Benjamin (Théo Van de Voorde) passarem uma temporada mais longa ao lado do pai. Após um primeiro contato conturbado, os garotos são levados para passar uns dias em uma cabana no meio da floresta. Lugares afastados e reencontros entre pais e filhos parecem uma boa receita para trabalhar o terror psicológico. No caso de Na Floresta, a receita peca por não saber dosar os ingredientes.
Dirigido e escrito por Gilles Marchand, o filme inicia de maneira intimista, mostrando a consulta de Tom com uma psicóloga. O pequeno afirma ter um pressentimento sobre a viagem e dá a entender que não confia muito nas atitudes do pai. É o sinal para o público ficar atento às primeiras cenas de interação entre o genitor e sua prole, em que fica escancarada a falta de intimidade. Ben, já beirando a adolescência, é adepto da provocação, enquanto Tom prefere o silêncio e a observação. Mais que não ter muito tato para lidar com os filhos, o pai possui um ar misterioso que vai sendo desvendado para quem assiste ao filme quando Tom começa a ter visões de um homem com o rosto deformado. Aliás, seriam visões? Por que o pai demonstra tanto interesse pelos supostos poderes paranormais do garoto? Todas essas dúvidas não são esclarecidas pelo longa, que se satisfaz em soltar informações incompletas tanto das atitudes dos garotos quanto das reais intenções do adulto.
Sabemos que filmes não precisam dar todas as respostas e que nossa imaginação é parte da construção do roteiro. Mas Na Floresta parece não se preocupar em conquistar a simpatia do espectador nem em evoluir os personagens. A monotonia impera, especialmente do meio para o fim, ao ponto da bela fotografia em tons acinzentados, assinada por Jeanne Lapoirie, a mesma do ótimo 120 Batimentos Por Minuto (2017), passar quase ilesa, assim como as boas atuações do elenco, em especial a de Jérémie Elkaïm. O ator sustenta o mistério de seu personagem com sucesso, apesar desse esforço, no fim das contas, não fazer muita diferença dentro da história. Na Floresta demonstra que seu roteirista sabe criar cenas de suspense, mas dar o passo seguinte ainda não está entre suas habilidades. Gira em torno de um medo indecifrável e que não se consegue entender se é metafórico ou real.
Finais abertos permitem ótimos momentos cinéfilos. A cada revisão percebemos um novo significado. Na Floresta, apesar do visível esforço para construir uma atmosfera de suspense, não capta nossos sentidos. Não se surpreenda se você se distrair durante a exibição com algum plano de uma árvore ou um detalhe do cenário. Diante de uma obra vazia, é normal que saíamos em busca de algo interessante, o que, definitivamente, esta produção não chega nem perto de ser.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Bianca Zasso | 4 |
Chico Fireman | 4 |
MÉDIA | 4 |
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