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Crítica


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Sinopse

Enviados à Bélgica por seu chefe para um trabalho relativamente fácil, os matadores Ray e Ken passam a agir como turistas para não levantar suspeitas. Um deles detesta tudo na cidade, enquanto o outro se apaixona por aquela calma.

Crítica

Colin Farrell tinha tudo para se tornar um grande astro em Hollywood. Mas algumas escolhas erradas e ambiciosas atrapalharam essa jornada. Então foi o momento dele seguir trilhas alternativas, em projetos menores, como este Na Mira do Chefe e o recente O Sonho de Cassandra (2007), de Woody Allen. E o curioso é perceber como os personagens dele nestes dois filmes são parecidos! Mas mesmo não tendo sido tão original nestas apostas, ambos são bons trabalhos que convencem mais pela originalidade do que propriamente pelo desempenho do rapaz.

Farrell despontou em Tigerland (2000), de Joel Schumacher, e logo em seguida já estava em superproduções como Minority Report (2002), de Steven Spielberg, Demolidor (2003), ao lado de Ben Affleck e Jennifer Garner, e S.W.A.T.: Comando Especial (2003), adaptação do antigo seriado de televisão. Mas em seguida vieram o épico frustrado Alexandre (2004), de Oliver Stone, o esnobado Uma Casa no Fim do Mundo (2004), baseado no romance de Michael Cunningham, o mesmo autor de As Horas (2002), e os exageradamente criticados Um Novo Mundo (2005), de Terrence Malick, e Pergunte ao Pó (2006), adaptação do cultuado livro de John Fante. Uma volta por cima foi ensaiada com o sucesso de Miami Vice (2006), de Michael Mann, mas ainda não era o momento certo. E agora, com estes dois novos filmes, ele parece finalmente estar encontrando um rumo, alternando obras de grande visibilidade popular com outras que lhe exijam mais enquanto ator.

Na Mira do Chefe é uma comédia de extremo humor negro, que certamente não é de fácil assimilação por todos. Farrell e Brendan Gleeson são dois assassinos profissionais que são mandados para a pequena cidade de Bruges, na Bélgica, após um assassinato mal sucedido. A bucólica Bruges, conhecida como a “Veneza belga”, é um local histórico em que não há muito o que se fazer. Se Gleeson dá vida ao bandido mais velho e experiente que consegue desfrutar daqueles poucos dias de descanso, o outro logo entra em crise. O peso da culpa lhe corrói, e a falta de opções de entretenimento só aumentam sua angústia. Uma opção lhe surge ao encontrar uma equipe de filmagens, que lá se encontra para realizar um longa. Logo se envolve com uma garota da produção, desencadeando uma série de eventos que envolverá um bandido infeliz, um anão furioso e até o chefe do dois (Ralph Fiennes, numa composição ainda mais implacável do que a vista há pouco em A Duquesa, 2008), que acaba indo para lá com a intenção de por um ponto final no envolvimento com os dois.

Bastante elogiado pela crítica, o filme dirigido por Martin McDonagh (estreando na direção de longas e vencedor do Oscar pelo curta-metragem Six Shooter, de 2004), Na Mira do Chefe recebeu duas indicações ao Satellite Awards, nas categorias de Melhor Filme e Melhor Ator (Brendan Gleeson) em Comédia ou Musical. Mas é um reconhecimento tipicamente americano, notoriamente admirador do humor britânico. Aqui no Brasil o filme teve carreira pálida, tendo passado praticamente despercebido. Quem sabe em DVD tenha melhor chance? Seria mais do que merecido.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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