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Sinopse

Chantal Akerman chega à Bélgica no fim dos anos 1930 fugindo da Polônia repleta de massacres e atrocidades. Ela quase nunca sai do seu apartamento em Bruxelas, de onde testemunha as mudanças acontecendo no mundo.

Crítica

Uma verdadeira prodígio, Chantal Akerman começou sua carreira aos 25 anos de idade, em 1975, com o longa Jeanne Dielman, obra-prima do cinema belga. Nele, a jovem diretora se debruçava durante suas 3 horas de duração, explorando as noções de tempo fílmico para a plateia e, assim, analisar a rotina de uma mulher em seu máximo. De lá pra cá, suas obras cada vez mais se propuseram a mostrar a deterioração perante a rotina, criando uma desconstrução e reconstrução temporal em alguns casos. Muito influenciada por Jean-Luc Godard, a diretora foi levada para a arte do cinema ao ficar impressionada com um filme em particular do diretor francês: O Demônio das Onze Horas (1965). Acabou virando assistente do seu ídolo e abraçou um cinema sustentado na linguagem.

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Importantíssima no cenário internacional, Akerman ganhou em 2010 um documentário dos brasileiros Gustavo Beck e Leonardo Luis Ferreira, Chantal Akerman, de cá, importantíssimo relato da diretora sobre sua obra e vida. E, por mais que não gostasse de ser rotulada em temáticas (a diretora se negava a enviar seus filmes a festivais segmentados), Chantal retrata mulheres constantemente em sua filmografia. Em seu último trabalho, Não é um filme caseiro, a diretora se dedica a documentar a sua própria família e vida em um relato muitíssimo íntimo.

Com o intuito de entrevistar e captar um pouco da rotina de sua mãe, Natalia Akerman, Chantal a visitava para acompanhar o estado de saúde e relembrar um pouco do passado. Em meio a isso, a diretora constrói um filme sobre distâncias, temporalidade, deterioração e ainda, sobre o clã feminino de sua família. Para alguns o filme pode ser enfadonho devido ao objetivo de Chantal em mostrar mais imagens com significados do que diálogos – e os que se sucedem são no geral pequenas conversas de dia-a-dia, algumas delas acontecendo via Skype, refletindo todo um tema relativo à distância. O título original, No Home Movie, não deixa de ser uma reflexão da diretora, dizendo que, no final das contas, se trata de um filme sobre uma casa a qual ela não pertence mais. Dividida entre a Bélgica e suas aulas nos Estados Unidos, é visível que Chantal não parecia se sentir enraizada em nenhum dos lugares. Ainda mais quando ela faz o uso de imagens de estradas e mais estradas, ruas que circundam a casa de sua mãe.

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A mãe de Akerman faleceu pouco tempo depois do final das filmagens do documentário e Não é um Filme Caseiro acaba sendo uma espécie de filme-legado. Chantal, que faleceu enquanto seu filme fazia o circuito de festivais, encerrou com esta produção uma carreira profícua que ainda teria belíssimos retratos, mas deixa aqui uma produção que condensa muito bem toda a gênese do seu cinema.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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