Não Sei Quantas Almas Tenho
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Cavi Borges, Patrícia Niedermeier
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Não Sei Quantas Almas Tenho
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2022
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Brasil
Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
Previamente, é válido ressaltar que a proposta de Não Sei Quantas Almas Tenho, ainda que flerte com a estética do horror, não se encaixa nas funcionalidades que, talvez, o espectador aguarde. Estrelado por vampiros, criaturas retratadas na maioria das vezes no cinema como criaturas agressivas ou eruditas, o filme procura zona cinza entre esses polos a partir de provocações do poema homônimo de Fernando Pessoa. Aqui, ciência, filosofia e dogmas se misturam para acompanhar um casal milenar em busca de desígnio para a sua existência, ignorando qualquer agressividade que poderia se esperar. Mas então qual seria a finalidade de apresentar tais monstros?
Na trama, a vampira cientista Nina, interpretada por Patrícia Niedermeier, que também atua como diretora ao lado de Cavi Borges (mesma dupla de Salto no Vazio, 2018), vaga por paisagens de Brasil e Portugal em busca da memória que perdeu e de espaço ao qual se fixar. Em seu encalço está Nicolau (Jorge Caetano), poeta, bibliógrafo e também vampiro, que está cansado de atravessar a eternidade sozinho. Ele irá, de diversas formas, tentar convencê-la de que precisam se unir para formar propósito. Ela irá relutar, mesmo sem saber bem o porquê.
Num dos trechos da obra de Pessoa, lê-se que “de tanto ser, só tenho alma e quem tem alma não tem calma”. E é a partir daí que o enredo irá se construir, com averiguações. Nina se questiona a cada instante, ao mesmo tempo em que se guia por algo que não nos é bem explicitado, embora busque intuições na erudição humana. Portanto, o longa não pretende muito mais do que convidar aventureiros - bastante flexíveis, é bom lembrar - para estar junto de vampiros resignados, que em nada lembrarão o que já se viu em empreitadas regulares.
Em Não Sei Quantas Almas Tenho, é interessante atentar para a dificuldade que pode existir em comandar e atuar na mesma produção. Niedermeier, por vezes, aparenta ocupar mais brechas do que poderia, excluindo a possibilidade de fomentar o desenvolvimento de outros parceiros de cena. E essa exposição fica mais acessível quando descobrimos outros rostos. Em meio aos belos panoramas e diálogos atraentes, talvez fosse pertinente melhor aproveitamento da minutagem, sempre sentida em filmes demasiadamente contemplativos.
Contudo, vale salientar a entrega dos atores envolvidos. Iluminados por contexto teatral, Patricia e Caetano exibem alguns momentos de absoluta sensibilidade, que se contrapõem de forma agradável à racionalidade do personagem de Felipe Bond (interesse amoroso de Nina). No mais, Não Sei Quantas Almas Tenho é autêntico enquanto experimento, mas embaralhado quando posto à prova como produto final.
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