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Sinopse
Não Solte! se passa após o fim do mundo. O Mal tomou conta de tudo, e a única proteção para uma mãe (Halle Berry) e seus filhos gêmeos é a casa onde moram e o vínculo protetor de sua família. Mas quando um dos meninos questiona se o perigo é real, os laços que os unem são rompidos.
Crítica
O fim do mundo é um conceito que vem sendo explorado com cada vez mais frequência pela ficção. Não apenas pelas mudanças climáticas que têm causado tragédias em proporções até então não imaginadas ao redor do planeta, mas também pela riqueza de situações que esse contexto proporciona. Não Solte!, longa do francês – há muito radicado em Hollywood – Alexandre Aja, poderia se contentar em apenas explorar uma hipótese já vista antes, mas aqui percebida sobre outro ponto de vista. Porém, como tem se mostrado uma constante, difícil mesmo é encontrar aquele que consiga se identificar com o pouco, trilhar pelo simples e alcançar algo além do esperando partindo do mínimo. Tanto é que os exagerados começam a ganhar vez, entre a manipulação desajeitada dos elementos reunidos até o uso de recursos e soluções que servem apenas de distração para o público quando nada de relevante resta a ser dito. E assim, a frustração vem não apenas devido a uma jornada que promete o que não entrega, como também pelo tanto que vislumbra, sem nem ao menos um esforço conjunto que aponte para tais direções.
Aja chamou primeiro atenção com Viagem Maldita (2006), refilmagem do clássico Quadrilha de Sádicos (1977), de Wes Craven. Entre apostas originais, uma outra refilmagem e até mesmo investidas em dramas sobrenaturais, nenhuma das suas investidas seguintes obteve resultado semelhante, isso ao menos até Predadores Assassinos (2019), que não apenas se saiu bem nas bilheterias (arrecadou quase sete vezes o valor do seu orçamento) como também ganhou defensores aguerridos. Para tanto, seguiu uma cartilha conhecida: o enfrentamento entre o homem e a natureza (no caso, crocodilos que invadem uma casa em meio a uma enchente). Não Solte!, ao menos em sua proposta, parece se guiar por essa mesma lógica, do “menos é mais”. Afinal, na maior parte do tempo são apenas três atores em cena, um único cenário, e uma diretriz bem objetiva: o perigo os rodeia, e a única maneira de se manter seguro é através da corda que liga cada um destes sobreviventes à casa que habitam.
Halle Berry, comprometida com a personagem, é a mãe decidida, contra todas as probabilidades, a manter sua família unida, com saúde e em segurança. Junto com ela estão os dois filhos, os gêmeos Nolan (Percy Daggs IV, que esteve na série Os Últimos Dias de Ptolemy Grey, 2022) e Samuel (Anthony B. Jenkins, de A Libertação, 2024). Todos os dias o trio acorda cedo e, presos a longas cordas que os ligam ao ponto de origem onde se resguardam à noite, saem pelo mato em busca de frutas, pequenos animais ou qualquer outra coisa que possam aproveitar como alimento. O que ela ensinou aos pequenos é que o mundo que havia conhecido quando tinha a idade deles não mais existe, e que agora o Mal tomou conta de tudo. Um mesmo terror que poderá se apossar deles, caso se afastem do imóvel – ou tenham a ligação que preservam interrompida.
Em um ou outro momento, como se poderia esperar, os garotos – em momentos diferentes – irão se desprender do laço que os mantém a salvo. O perigo não tardará a aparecer, ameaçando suas vidas. O curioso é que apenas a mãe consegue ver tais fantasmas. Não irá demorar, portanto, até que um dos dois comece a duvidar daquilo que lhe foi dito desde sempre. Eles podem estar reclusos em uma construção longe de tudo e de todos. A mulher, porém, afirma que nada mais restou para ser encontrado. Mas não seria essa uma alucinação, um delírio, uma paranoia apenas dela? Seria possível existir vida além de todas aquelas árvores que os cercam? Enquanto Nolan se mostra cada vez mais propenso a “pagar para ver”, Samuel se revelará mais próximo da verdade difundida por aquela que sempre esteve ao lado deles.
Alexandre Aja poderia ter investido nesse conflito, entre o possível e o imaginado, entre o risco sonhado e a fantasia não confirmada. De O Bebê de Rosemary (1968) a Rua Cloverfield, 10 (2016), não são poucos os exemplos que desenvolveram suas tramas por meio de um medo que pode ou não ser real, suspense mantido até o último momento. Não Solte!, por outro lado, ameaça se debruçar sobre este modelo, mas não apenas falta coragem ao realizador em mergulhar fundo em uma ou noutra possibilidade, como também parece mais satisfeito em apenas provocar diferentes interpretações, eximindo-se de qualquer escolha. Não chega a ser um desfecho em aberto – que, no caso, seria compartilhado com a audiência e contaria com a leitura dessa para alcançar uma conclusão. Pelo contrário, é a ausência de um fim. Uma caminhada interrompida pela preguiça do condutor em defender suas escolhas.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 4 |
Alysson Oliveira | 4 |
Lucas Salgado | 4 |
MÉDIA | 4 |
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