Crítica

Assunto caro aos americanos, a Guerra do Vietnã já foi retratada no cinema em diversas produções como Apocalypse Now (1979), O Franco Atirador (1978) e Platoon (1986). Uma das mais elogiadas e representativas é uma das realizações de Stanley Kubrick, Nascido para Matar (1987).

Dividida em duas partes, Kubrick nos coloca na história, primeiramente, de um grupo de jovens em treino para a guerra e, em seguida, na própria guerra. Nessa trajetória, podem surgir as mais diversas reações em meio a tanta humilhação de treinamento, que é uma verdadeira lavagem cerebral. Leonard, interpretado por Vincent D'Onofrio, que o diga. A obsessão com seu rifle, Charlene, leva o soldado até as últimas consequências, entregando uma das mais tensas cenas da carreira do diretor americano.

Atento à entrada da documentação da Guerra, é importante destacar como o diretor coloca seguidamente em cena um fotógrafo e ainda uma equipe que coleta depoimentos dos soldados. A presença da mídia e cobertura jornalística em grandes guerras são sempre presentes, mas na Guerra do Vietnã a presença foi ainda mais forte com coberturas diárias e com um acompanhamento ainda mais próximo.

Vale o destaque também para as atuações de Vincent D’Onofrio, Matthew Modine e o grande elenco de soldados, cada um com suas peculiaridades, do soldado kamikaze até o mais contido. Nascido para Matar traz uma carga histórica pesada, bem como todo filme que resgata uma guerra real. Kubrick avança em meio a esse regate e ainda reforça a sensação de suspense constante, como se uma bomba fosse explodir em nossos pés. Sem dúvida, mais do que uma grande obra do cinema, é também um apontamento histórico das consequências que uma guerra leva seus soldados psicologicamente.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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