Ned Rifle
Crítica
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Sinopse
Ned é um rapaz tem como objetivo de vida matar seu pai, Henry, por considerar que ele destruiu a vida de sua mãe, Fay. Mas os planos de Ned ficam mais difíceis depois que ele conhece Susan, uma complicada garota.
Crítica
Edward “Ned” Rifle (Liam Aikem) era ainda um menino quando a mãe foi presa, acusada de terrorismo, e uma família religiosa o adota. Ao completar a maioridade, o jovem deixa a casa adotiva convertido para percorrer o país a fim de vingar a mãe – matando o pai biológico.
Escrito e dirigido por Hal Hartley (As Confissões de Henry Fool, 1997), Ned Rifle é uma comédia de humor negro, construída sobre personagens estranhos, aquilo que os americanos chamam de weirdos, e muito nonsense. Como o padrasto do protagonista, um padre pecador, e o próprio Ned, que viaja levando na mala uma arma e uma bíblia. Na casa adotiva, apesar da tentação que sofrerá da filha da família e suas colegas, Ned se manterá um religioso sexualmente intacto. O parente mais próximo e acessível não é mais normal. Simon Grim (James Urbaniak) é o um escritor reconhecido pela sua poesia, mas que largou a carreira literária para se dedicar à comédia. A ideia razoável seria ainda mais promissora se Grim tivesse algum talento para o humor e não fosse um falastrão trágico e pessimista – como boa parte dos intelectuais. À tanta singularidade junta-se a jovem que não sabe usar batom Susan Weber (Aubrey Plaza), cuja obsessão com a família Rifle a fez defender uma dissertação sobre a poesia de Simon. Agora, Susan se encontra com Ned em uma união com interesses escusos.
A trama se desenvolve de maneira a seguir a estranheza das personalidades em cena. Acompanhamos Ned na empreitada de encontrar o pai, enquanto resiste à tentação da libidinosa Susan. O roteiro evolui facilmente e os personagens dos quais não sabemos o que esperar são felizes nas situações de humor.
A direção de Hal Hartley lembra a de Hal Ashby, um dos tantos realizadores que Hollywood fez questão de colocar à margem da indústria. Ned Rifle se assemelha, e pode-se dizer inspirado, com o clássico Muito Além do Jardim (1979), em que a ótima atuação de Peter Sellers leva o jardineiro Chance a se tornar-se o homem de confiança de um milionário.
O bom domínio dos dois atos iniciais não se mantém até o final. O terceiro momento, justamente quando encontra o pai e percebe o envolvimento dele com Susan, é que Ned Rifle passa de um corredor aberto e arejado para um beco. O evidente estrangulamento da narrativa desemboca em um desfecho sem convicção e, principalmente por isso, decepcionante.
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