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Sinopse
O cometa Rose cruza os céus de Barcelona na noite de 18 de agosto de 2013. Um espetáculo único que não se repetirá por muitos séculos. Sob aquele fenômeno, 567 histórias de amor surgem concomitantemente.
Crítica
O narrador já anuncia: “na noite de 18 de agosto de 2013 o cometa Rose atravessou o céu de Barcelona e, dali, surgiram 567 histórias de amor - seis delas contadas neste filme.” Com esta premissa, Noite de Verão em Barcelona aproveita a atmosfera dos astros para mostrar estas seis pequenas fábulas modernas que podem se encaixar na vida de qualquer um, seja a primeira paixão, o amor platônico, o reencontro de um casal que nunca deixou de se gostar, o romance quase proibido, o duelo que pode acabar com uma amizade ou o anúncio da chegada de uma terceira pessoa. Ainda que uma ou outra história seja mais fraca que as demais, o resultado final fica acima da média, montando uma bela comédia romântica com gosto de quero mais.
Neste mosaico de contos que se conectam apenas por espaços físicos, nunca por uma narrativa interferir na outra, vários bons personagens são apresentados de forma simples e sem grandes pretensões. Roser namora o DJ Ricardo há um ano e encontra o ex Albert numa biblioteca. Ele está prestes a ir embora da cidade e ela o convida a passar a última noite numa festa comandada pelo companheiro. Joan está de aniversário e reúne os amigos em casa, entre eles Judith, sua eterna paixão que está num casamento infeliz. Laura e Carlos estão juntos há tempos e, no meio de uma viagem, descobrem que estão grávidos. Jordi é jogador de um pequeno time de futebol que foi convocado para atuar no Barça, mas precisa ser discreto na relação com o namorado Marc, também do mesmo time. Oriol e Adrian são dois amigos que disputam a atenção de Katherine, que está em intercâmbio com a amiga lésbica deles. E o adolescente Guillem quer se declarar por Sara, uma garota que acredita no fim do mundo, durante uma festa à fantasia em que só ele vai trajado a rigor.
À medida que a noite segue à espera do cometa e, consequentemente, o roteiro avança no destino de seus retratados, algumas das histórias parecem deixar na dúvida o que vai acontecer a seguir, o que mantém o interesse do espectador. Se a mais fraca delas, a briga de Oriol e Adrian, parece que vai afundar por conta do plot sem grandes paixões, por outro lado ganha pontos pelo modo que os amigos acabam tentando conquistar a moça que veio de fora, o que inclui várias situações divertidas com as diferenças culturais dela em relação a eles. Já o primeiro amor de Guillem parece que foi contado várias vezes, mas ganha mais frescor pelo carisma de seus personagens (ainda mais com o acréscimo da esperta meia-irmã dele) e por uma cena na chuva belissimamente bem fotografada. Quem parece perder força durante o tempo em tela (até porque o roteiro parece não se decidir para que lado vai) é o casal gay da história, que ora torna o filme mais tenso, noutra encara tudo com uma leveza surpreendente.
O longa dirigido por Dani de la Orden ganha o público não só por uma direção direta e sem rodeios, mas também pela ágil montagem, que encaixa exatamente o tempo de cada história, já que mais de doze horas se passam entre seu início e a chegada tão anunciada do cometa. O maior acerto ainda é concentrar a ação em seis histórias que fazem um panorama geral das alegrias e problemas enfrentados por qualquer apaixonado no mundo, ao contrário de produções hollywoodianas como Idas e Vindas do Amor (2010), que, de tão cheias de contos, acabam se perdendo tanto no tempo em tela quanto na superficialidade. Não que Noite de Verão em Barcelona seja dotado dos questionamentos mais profundos sobre a paixão, mas consegue divertir e emocionar na medida, sem recorrer a trilhas edificantes ou situações inverossímeis. Uma ode ao amor que pode encantar até os corações mais gelados.
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