Crítica
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Sinopse
Em Noite Vazia, o rico empresário Luizinho e seu amigo, Nelson, frequentam a noite paulistana em busca de sexo e diversão que preencham o vazio de suas vidas. Numa dessas noitadas, a dupla encontra duas prostitutas de luxo, Mara e Regina. Luizinho convida o grupo para ir ao seu apartamento. Lá, os quatro entregam-se ao sexo com suas infinitas variações. De Walter Hugo Khouri.
Crítica
O olhar perdido de Gabriele Tinti diz muito sobre Noite Vazia, grande filme dirigido por Walter Hugo Khouri. Seu personagem, Nelson, não encontra felicidade em nada nem ninguém, muito menos nas noitadas de fugazes relacionamentos e festas chatas em que embarca com o amigo Luisinho, o bom vivant que esconde sua não menos latente melancolia por trás da confiança que o dinheiro falsamente proporciona. Eles vagam a esmo por uma São Paulo petrificada, de jovens sedentas por amor e algo mais, enquanto mulheres de meia idade se resignam com a busca desenfreada de seus maridos por sexo extraconjugal.
Lá pelas tantas, numa das muitas cenas que deflagram o processo de deterioração estrutural das figuras dramáticas que eles encontram, Luisinho e Nelson conhecem duas prostitutas, e com elas embarcam numa madrugada de sórdidos solilóquios e procuras esvaziadas. Transar não é o bastante, os homens querem experiências que os tirem do marasmo, ao passo que às moças cabe o papel de atração, fardo que ganha peso à medida que detectamos nelas suas próprias expectativas.
A beleza exuberante e a altivez de Odete Lara servem perfeitamente de veículo para a pose de Regina, mulher da vida, que é feita rígida por esta bandida. Por sua vez, a introspectiva Mara ganha contornos de infinita tristeza nos olhos grandes e profundos de Norma Bengell.
Noite Vazia sugestiona constantemente um parentesco com o cinema de Ingmar Bergman, provavelmente o cineasta que mais se irmanou à dor de seus personagens. Tal qual o sueco, Khouri utiliza closes ou primeiríssimos planos para mostrar-se próximo das criaturas, além de sustentar o rosto e os olhos como refletores das mazelas mais recônditas.
O estado de suspensão e tédio a que é submetido o quarteto durante o vácuo da noite paulistana, representa bem os dilemas do humano sempre à procura de razões e motivos suficientemente fortes para seguir adiante. Como máscaras inanimadas, continuam os quatro ao amanhecer, sem muito a dizer e acrescentar. Não negam a próxima tentativa, provavelmente noutra noite transitória, em que elas continuarão a ganhar a vida, e eles a exacerbá-la. Nada aparentemente muda, a não ser a consciência crescente da inocuidade das jornadas sem fim.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 8 |
Chico Fireman | 10 |
Francisco Carbone | 10 |
Alysson Oliveira | 10 |
MÉDIA | 9.5 |
Muito bacana seu texto Marcelo. Como sempre nos convoca a assistir os filmes. Com esse não foi diferente! beijos e ótimo te ver nos espaços destinados ao cinema. Essa é a sua praia!! Parabéns!