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Sinopse

Emma e Liv são amigas que longa data que planejam detalhes de como seriam os seus casamentos desde a mais tenra idade. No entanto, essa amizade será colocada em xeque quando elas se derem conta de uma coincidência.

Crítica

Existem filmes que o próprio trailer já anuncia o desastre: o argumento é risível, os desempenhos beiram o ridículo e nem mesmo o espectador mais desavisado parece se sentir minimamente atraído pelo que está vendo. Noivas em Guerra é um ótimo exemplo disso. Afinal, quem consegue ficar interessado pela história das duas melhores amigas que viram inimigas mortais simplesmente pelo fato de terem seus casamentos agendados para o mesmo dia e local? A resposta é tão óbvia que chega a incomodar: absolutamente ninguém!

Liv (Kate Hudson, que desistiu de ser a boa atriz vista em Quase Famosos e cada vez mais vem se rendendo ao pastiche da comédia romântica do tipo Um Amor de Tesouro) e Emma (Anne Hathaway, que começou no gênero em O Diário da Princesa mas vem revelando um potencial maior em produções como O Diabo Veste Prada e O Segredo de Brokeback Mountain) são inseparáveis. O maior sonho delas, desde a infância, era que seus casamentos fossem no Hotel Plaza, um dos mais badalados de Nova York, e que sejam planejados pela casamenteira Marion St. Claire (Candice Bergen, que tem se consolidado com o mesmo estilo de personagem em pequenas participações como as vistas em Mulheres... O Sexo Forte e Sex and the City: O Filme). Elas possuem namorados praticamente idênticos, fazem tudo juntas, e marcam suas festas para o mesmo mês. Só que um erro de agenda as colocam no mesmo dia. O que fazer? Um casamento duplo, apontaria o mais sensato, ou mesmo cerimônias em horários diferentes, diria um mais antenado. Só que é claro que nada disso acontece. E as ‘amigas’, que eram até então unha-e-carne, decidem partir para a guerra declarada uma contra a outra, mesmo que não haja nenhum motivo plausível para tanto.

O mais triste de Noivas em Guerra é perceber o ocaso de talentos até então relevantes, que precisam se sujeitar a porcarias como essa para se manterem ‘em alta’. Sim, porque o público – principalmente o norte-americano – parece não se importar em ver sempre a mesma coisa. Com um orçamento de US$ 30 milhões, o longa arrecadou quase o dobro só nas bilheterias dos Estados Unidos! Ou seja, mesmo com críticas terríveis, o que o povo quer mesmo é ver torta na cara! E isso o diretor Gary Winick, do divertido De Repente 30, parece ter se conformado e entregue conforme o solicitado.

Em 2007, Eddie Murphy era favorito ao Oscar de Ator Coadjuvante por seu desempenho no musical Dreamgirls. Mesmo assim, durante a campanha para o prêmio, ele não se importou em lançar o horroroso Norbit – que no final das contas foi apontado como um dos piores filmes daquele ano e acabou lhe custando a estatueta dourada. O mesmo pode se repetir este ano com Hathaway. Concorrendo ao prêmio máximo do cinema mundial pelo ainda inédito no Brasil O Casamento de Rachel, ela tem visto suas chances diminuírem consideravelmente desde o lançamento deste novo trabalho. Mas, no final do dia, o que importa mais: o reconhecimento artístico ou o bolso cheio?

Repleto de clichês, que possibilitam a quem estiver na platéia antecipar com bastante folga qualquer acontecimento da trama, Noivas em Guerra não funciona nem como diversão ligeira – ele consegue ainda desperdiçar o talento inclusive de coadjuvantes como Kristen Johnston (Letra e Música), que não possui uma única boa cena! É bobo, tolo, fútil e desprezível. Suas protagonistas são antipáticas, mesquinhas e infantis, e não conseguem provocar o mínimo de empatia com a platéia. E, sem identificação, o estrago é irremediável. E o destino de uma produção como essa é, além do fracasso absoluto, o esquecimento mais do que imediato.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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