Sinopse
Seguindo uma sina familiar, Norma Rae trabalha numa fábrica têxtil em longas e penosas jornadas de trabalho não compensadas à altura pelo seu salário baixo. Inspirada por um discurso a favor de mais direitos trabalhistas, ela passa a inspirar colegas a lutar por aquilo que lhes pertence.
Crítica
Norma Rae é um amálgama da mulher da década de 1970. Trabalhadora, apaixonada, filha, mãe, esposa, incompreendida, correndo atrás do que acha certo. A personagem de Sally Field é isso e mais um pouco. Apesar dessas características, o longa-metragem dirigido por Martin Ritt não precisa ser necessariamente apontado como uma obra feminista, embora o rótulo não lhe caia mal. É, sim, uma história sobre luta, de buscar os direitos que lhe são devidos, seja você um homem ou uma mulher.
Na trama, assinada por Irving Ravetch e Harriet Frank Jr., Norma (Field) é uma mãe solteira, que mora com seus pais, e trabalha na grande e única firma têxtil daquela cidade sulista. A economia do local depende totalmente da mão de obra gerada pela empresa que, sabendo disso, explora seus empregados com salários baixos, longas horas e condições de trabalho risíveis. Eis que surge, vindo de Nova York, o idealista Reuben (Ron Leibman), representando o sindicato dos trabalhadores têxteis, inexistente até então naquele lugar. Tentando buscar apoio da categoria, passando panfletos e criando reuniões para esclarecer o que o sindicato faz, Reuben chama a atenção de Norma, que resolve ajuda-lo na tarefa. Isso, no entanto, causará a fúria de seus chefes e uma onda de inimizades dentro da fábrica.
É importante observar Norma Rae com certa perspectiva, visto que os sindicatos atualmente não têm a mesma força de revolução como tinham em décadas passadas. Portanto, se em alguns momentos o filme pode aparentar certa ingenuidade, isso se deve muito à época em que foi realizado. Interessante lembrar que Martin Ritt foi um cineasta bastante engajado e, portanto, um filme de temática sindicalista era totalmente condizente com sua filmografia.
Ainda que a história prenda a atenção e que a luta de Norma pelos seus novos ideais seja contagiante, o que de melhor Norma Rae oferece são as atuações da dupla principal. Sally Field venceu o Oscar por sua performance no longa-metragem, criando uma personagem que ousou ir contra todos pelo o que acreditava. Para os olhos de hoje, é difícil compreender os empecilhos que faziam com que os trabalhadores não quisessem a sindicalização. Ao conferir o filme, nota-se um medo de mudar o status quo partindo dos próprios empregados e Norma, com grande ímpeto, mesmo mal falada na cidade pelos seus namoros, tenta colocar na cabeça de seus companheiros a importância daquela novidade. A dobradinha de Sally Field com Ron Leibman é cativante e o ator poderia ter sido lembrado em premiações, assim como sua parceira de elenco.
Beau Bridges recebeu o ingrato papel de novo marido de Norma e, ainda que tenha uma boa performance, acaba sendo prejudicado pelo roteiro, que claramente não dá muita importância para aquele relacionamento. Aliás, o filme sempre perde ritmo quando se concentra no casamento de Norma, o ponto baixo da trama. Felizmente, não demora muito para que a protagonista retorne à sua luta e encabece algumas cenas memoráveis, como o já clássico levante contra seus patrões, com a placa UNION (sindicato, em inglês) sendo mostrada para seus companheiros, em plena fábrica.
Para plateias mais novas, que conferiram produções como Erin Brockovich (2000) e Terra Fria (2005), saibam que as personagens de Julia Roberts e Charlize Theron são praticamente filhotes de Norma Rae. Aliás, esta aí uma boa dica para uma trinca de filme engajados, com personagens femininas fortes e ótimas atuações.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Rodrigo de Oliveira | 8 |
Daniel Oliveira | 7 |
Alysson Oliveira | 8 |
Wallace Andrioli | 8 |
Chico Fireman | 6 |
Bianca Zasso | 8 |
MÉDIA | 7.5 |
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