Crítica


6

Leitores


1 voto 8

Onde Assistir

Sinopse

O jovem cowboy Bo conhece a cantora Cherie e se apaixona por ela imediatamente. Pretendendo ficar com ela, o rapaz precisa convencer a cantora a deixar sua casa e o homem com quem pretendia se casar.

Crítica

Logo após escrever o clássico O Pecado Mora ao Lado (1955) e poucos anos antes de elaborar o roteiro do inesquecível Bonequinha de Luxo (1961) – que acabou sendo protagonizado por Audrey Hepburn, mas que fora imaginado inicialmente com Marilyn Monroe como protagonista, escolha do autor Truman Capote – George Axelrod entregou um outro texto que marcaria a virada de Monroe em relação à crítica: Nunca Fui Santa. Esse filme fez tanto sucesso que acabou gerando tempos depois refilmagens e uma série de televisão. Muito se deve ao fato de ser uma adaptação de um popular musical da Broadway, mas a explosiva combinação dos protagonistas também deve ser responsabilizada por grande parte desse impacto tão positivo.

Don Murray and Marilyn Monroe in Bus Stop trailer

Assim como na impressionante maioria dos seus filmes, Marilyn Monroe não é a protagonista aqui, e sim a moça que cruza o caminho do personagem principal, virando sua cabeça de tal forma que ele nunca mais será o mesmo. No caso estamos falando de Bo, interpretado pelo novato Don Murray, em seu primeiro registro na tela grande. Ele aparece como o cowboy ingênuo que sai do interior pela primeira vez aos 21 anos para participar de um rodeio na cidade grande. Ao chegar lá, antes mesmo do desafio cruza o olhar com uma cantora de bar (Monroe) e decide: ela é seu “anjo” e com quem irá casar. Mas, desajeitado, não entende o conceito de namoro, e sem meios termos a convida para uma cerimônia de enlace para o dia seguinte. E ele não está nem um pouco disposto a ouvir um não como resposta.

Nunca Fui Santa é um dos poucos filmes de Marilyn Monroe em que ela divide a cena com alguém tão esfuziante e enérgico quanto ela. Tanto que Murray acabou sendo indicado ao Oscar por este papel, ironicamente na categoria de Coadjuvante – mesmo sendo ele o protagonista. Mas o ator não é o único destaque, tendo sido dessa vez que Monroe conseguiu sua primeira indicação ao Globo de Ouro, premiação que reconheceu também a obra como um dos melhores filmes em Comédia ou Musical do ano. Com este trabalho Marilyn marca também o início de um novo contrato com a Fox, um acordo muito mais vantajoso para ela e que começou com este que seria um dos maiores sucessos de público de toda a sua carreira. Aposta certeira dos dois lados.

Eileen Heckart Marilyn Monroe and Don Murray in Bus Stop trailer 1

O personagem de Murray é tão inconsequente nos seus atos e desajeitado nos modos como trata a dama que corteja que, hoje em dia, suas atitudes seriam consideradas mais do que meras grosserias – em alguns momentos ficamos até incomodados com ele, devido à violência que emprega, às gritarias com que se comunica e ao sequestro que, por fim, acaba realizando para tê-la ao seu lado. Nunca Fui Santa parece inocente, mas guarda elementos que atualmente estão deslocados no tempo e espaço. Isso não impede, é claro, que o cinéfilo e curioso de hoje aproveite essa trama de amores trocados, desejos obstinados e realização de um sonho. Afinal, quem não estaria disposto a tudo para ter Marilyn Monroe ao seu lado?

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

Grade crítica

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *