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Sinopse

Iris Simpkins escreve uma coluna sobre casamento no Daily Telegraph, de Londres. Ela está apaixonada por Jasper, mas descobre que ele está prestes a se casar com outra. Bem longe dali,em Los Angeles, está Amanda Woods, dona de uma próspera agência de publicidade. Após descobrir que seu namorado, Ethan, não tem sido fiel, Amanda encontra na internet um site especializado em intercâmbio de casas. Ela e Iris entram em contato e combinam a troca de suas casas, com Iris indo para a luxuosa casa de Amanda e esta indo para a cabana no interior da Inglaterra de Iris.

Crítica

O Amor não tira Férias é um bom título nacional para o romântico The Holiday, mais um sucesso de público da diretora Nancy Meyers, a mesma dos campeões de bilheteria Alguém Tem que Ceder (2003) e Do Que as Mulheres Gostam (2000). Depois de brincar com o amor na maturidade e com os pensamentos femininos, a realizadora agora praticamente copia a trama da produção inglesa Aprendendo a Viver (2005). Em ambos, duas mulheres, uma norte-americana e outra inglesa, ambas infelizes no amor, se conhecem num chat pela internet e decidem trocar de casas. Ao se verem em países diferentes, acabam descobrindo que o amor é muito mais simples do que imaginavam. A diferença é que tudo que era natural e legítimo no primeiro longa, aqui acaba ganhando ares de superprodução hollywoodiana e, com isso, deixando de lado também muito da sua autenticidade.

Escrito especificamente para os atores Cameron Diaz, Kate Winslet e Jack Black, a única alteração no quarteto de protagonistas foi Hugh Grant, que não pode aceitar e terminou substituído por Jude Law. Cameron é a cara do filme e a história dela tem muito mais destaque. Ao descobrir uma traição do namorado (Edward Burns), larga a ensolarada Los Angeles e parte para uma nevada Inglaterra. Lá conhece o irmão de Winslet, Law, e logo termina na cama com ele. Os dois se apaixonam, e o mistério será como lidar com a situação. Mais complicado é o episódio de Kate, uma jornalista frustrada, apaixonada por um colega (Rufus Sewell, de Coração de Cavaleiro, 2001) que não lhe corresponde a altura. Decidida a mudar de vida, aceita ir para os Estados Unidos sem um propósito muito claro em mente: o que quer, sim, é deixar para trás as tristezas e dar um pouco de luz a sua vida. Lá vai conhecer um vizinho (Eli Wallach, de Boneca de Carne, 1953), um senhor que trabalhou como roteirista há muitos anos, e um compositor de trilhas sonoras (Jack Black). Este, por sua vez, está envolvido numa relação destinada ao fracasso, e acabará se interessando pela recém-chegada, dando início a um relacionamento que demorará para engrenar, mas que ainda assim poderá render bons momentos.

Um dos gêneros mais maltratados do cinema comercial, as comédias românticas invariavelmente acabam se parecendo todas iguais, e por um motivo muito simples: seguem velhas fórmulas como se essas fossem sacramentadas em cartilhas já empoeiradas, deixando de lado toda e qualquer oportunidade de mudança ou originalidade. É sempre o casal do poster se conhecendo, se apaixonando, se separando e ficando junto novamente no final. O que mudam são os atores e os cenários, e não muito mais do que isso. Dessa vez, a situação não é muito diferente. O que serve para atrair - e justificar - a atenção do espectador mais desavisado é o talento dos protagonistas, todos muito à vontade em cena, aparentando estarem se divertindo tanto quanto os personagens que se esforçam para defender. O resultado, assim, termina por se revelar um pouco acima da média.

Kate e Jude confirmam o talento inglês, mas Cameron e Black não ficam muito atrás. Diaz começa mais devagar, meio atrapalhada, mas logo pega o rumo. Black está mais contido, menos histriônico, e é o que menos aparece do quarteto central. Ainda assim, rende bos momentos. O problema é que entre ele e Winslet não há química, ao contrário de Diaz e Law, que fazem a tela do cinema pegar fogo ao aparecerem juntos. Mais romance do que comédia, é um filme com altos e baixos, mas que merece ser conferido com bons olhos. O Amor não tira Férias não vai mudar a vida de ninguém, mas certamente irá garantir uns bons 120 minutos de alegria e descontração.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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