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Sinopse

Cercada de amigos e pronta para ser feliz para sempre, Bridget Jones é produtora do noticiário em que trabalhava e se orgulha por ter uma boa relação com o ex-namorado, o advogado Mark Darcy. Quando tudo parece estar as mil maravilhas, descobre que, aos 40 anos de idade, está esperando seu primeiro filho e não sabe quem é o pai.

Crítica

Parece ser apenas somente outra comédia romântica, mas não se engane: há muito mais em jogo em O Bebê de Bridget Jones do que a mera dúvida se a inglesa eternamente solteirona está ou não pronta a assumir a maternidade. Afinal, por mais que a protagonista Renée Zellweger tenha tido outros sucessos no currículo – como o Oscar conquistado por Cold Mountain (2003) ou o musical Chicago (2002), premiado como Melhor Filme – esta é a personagem definitiva de sua carreira, aquela que a colocou no mapa das estrelas de Hollywood pela primeira vez, com O Diário de Bridget Jones (2001), há exatos quinze anos. E se naquele ponto tal experiência foi suficiente para que, enfim, percebessem seu talento, agora a missão de Miss Jones é resgatá-la não apenas na ficção, mas, acima de tudo, também na vida real.

Após conquistar o ouro hollywoodiano, Zellweger ficou marcada por uma série de má escolhas – seria a tão comentada ‘maldição do Oscar’? Estrelou fracassos ao lado de Russell Crowe (A Luta pela Esperança, 2005), Ewan McGregor (Miss Potter, 2006), George Clooney (O Amor não tem Regras, 2008), Viggo Mortensen (Appaloosa: Uma Cidade sem Lei, 2008), Harry Connick Jr (Recém Chegada, 2009), Bradley Cooper (Caso 39, 2009) e Forest Whitaker (A Minha Canção de Amor, 2010), indo do terror à comédia romântica, do drama esportivo ao faroeste, sem acertar em nenhuma das investidas. Além disso, a estrela cadente decidiu apostar em uma série de intervenções cirúrgicas, como se o problema estivesse no seu rosto, e não nas suas escolhas. O resultado foi ainda mais catastrófico, deixando-a quase irreconhecível.

O preço por essa série de equívocos foi alto, e a deixou fora das telas por exatos seis anos. A volta está sendo agora, justamente com esse O Bebê de Bridget Jones, filme que tenta reconectá-la com seus antigos fãs, ao mesmo tempo em que a apresenta a uma nova audiência. Só que ao invés de uma aparente ousadia – afinal, um dos icônicos protagonistas da saga, a galanteador Daniel vivido por Hugh Grant, é dado como morto logo nos primeiros instantes da nova trama – o que se percebe é justamente o contrário: a diretora Sharon Maguire (a mesma do primeiro filme da trilogia) praticamente refez o longa que a introduziu, colocando Bridget novamente indecisa entre dois amores, agora com o acréscimo de ter que descobrir qual deles é o pai do filho que carrega em sua barriga.

Ao trilhar um caminho seguro e sem surpresas, as atenções recaem inevitavelmente sobre o único elemento inédito da equação: o americano milionário interpretado por Patrick Dempsey. Após anos como o médico McDreamy de Grey’s Anatomy (2005-2015), estava mais do que na hora do astro de sucessos adolescentes como Namorada de Aluguel (1987) encontrar um público mais adulto – o que ele aqui faz com destreza inegável. Por mais que se saiba de antemão qual será o desfecho dessa história – afinal, com quem ela irá ficar? Com o namorado de três filmes ou com o novato recém chegado? – é praticamente impossível não torcer por ele, ainda mais diante de um concorrente tão empertigado e monótono quanto o Mark Darcy de Colin Firth, que parece completamente desinteressado de tudo que ocorre ao seu redor. Se antes havia um esforço aparente para tornar sua sisudez em uma característica charmosa, agora ele é apenas mal-humorado.

Mas o pior mesmo é o desrespeito com a adorável Bridget Jones. Zellweger praticamente ignora os acontecimentos dos dois filmes anteriores – o último fora Bridget Jones: No Limite da Razão (2004) – para entregar uma figura que beira a idiotice. Suas trapalhadas poderiam ter graça aos vinte e tantos anos, mas após os 43 essa maneira de ser é apenas patética. Ele segue se escondendo dos pais, sendo evitada pelos amigos, se envolvendo em relações amorosas sem futuro e sendo menosprezada profissionalmente. Elementos estes, aliás, que até ocupam a ação por um instante ou outro apenas para preencher um espaço narrativo, mas logo são descartados sem maior cerimônia. E se até os coadjuvantes (Jim Broadbent? Emma Thompson?), que antes respondiam por parte do carisma da produção, são relegados a uma posição descartável, o que esperar de todo o resto? Melhor sorte numa próxima vez, Jones/Zellweger – isto é, se houver um amanhã para elas, é claro.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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