Crítica
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Sinopse
João Ernesto Praxedes é um deputado popular, mas também corrupto. Ele é candidato à Presidência e está à frente nas pesquisas no segundo turno. Poucos dias antes das eleições, Praxedes recebe uma mandinga de sua avó e não consegue mais mentir. O problema é: como vencer uma eleição falando apenas a verdade?
Crítica
Apesar de ter vendido mais de 1,2 milhão de ingressos com o recente Vestido pra Casar (2014), Leandro Hassum também recebeu algumas das piores críticas de toda a sua carreira cinematográfica – e olhe que estamos falando de um ator presente em desastres como Se Puder... Dirija! (2013) e os dois Até que a Sorte nos Separe (2012 e 2013). Pois não satisfeito com essa repercussão negativa, ele retoma a parceria com o diretor Roberto Santucci (da dupla Até que a Sorte...) e lança, à toque de caixa e aproveitando o clima geral de eleições no país, outro atentado ao bom humor nacional, que dessa vez atende pelo nome de O Candidato Honesto. E ainda que as expectativas sejam as piores possíveis, o curioso é perceber que (1) o filme não é tão ruim assim e (2) Hassum é a melhor coisa em cena!
Produção ligeira realizada sem muito esmero, O Candidato Honesto chegou aos cinemas de todo o Brasil em 02 de outubro, exatamente há três dias das eleições gerais no país. Num ano em que o espectador está marcado por uma das mais constrangedoras campanhas políticas de todos os tempos, em que acusações, sujeiras e escândalos surgem a todo o instante atingindo indiscriminadamente candidatos da situação e da oposição, nada mais atual do que um personagem corrupto até à medula, um deputado experiente postulante ao cargo de Presidente da República que, por um acaso do destino, se vê obrigado a falar somente a verdade, se descobrindo incapacitado de mentir sob qualquer circunstância. Com a profissão que ele exerce, como se pode imaginar, os resultados são os mais catastróficos possíveis.
Como a sinopse já adianta, esse filme nada mais é do que uma versão tupiniquim do hollywoodiano O Mentiroso (1997), um dos títulos de maior sucesso da filmografia de Jim Carrey. Hassum, aliás, chegou a confessar em entrevistas de divulgação que se inspirou diretamente no comediante norte-americano para compor esse tipo envolto em um universo de mentiras, maracutaias, negociatas escusas e armações por debaixo do pano. Porém, se naquele cenário faria mais sentido – e graça – vermos um advogado passando por esta situação, no Brasil desacreditado de hoje a proposta cabe bem à rotina de um político em campanha. Pena, no entanto, é perceber que o roteiro rasteiro não ofereça elementos fortes o bastante para garantir e continuidade da trama. E entre uma esposa interesseira, colegas partidário tão ou mais corruptos do que ele e uma repórter inexperiente simpática ao seu drama, pouca coisa se salva. A não ser, é claro, o próprio Hassum, que quando não apela para a escatologia ou palavrões de baixo calão até consegue provocar alguns risos partindo para um humor mais físico e, até mesmo, ingênuo.
Ainda que a origem do protagonista de O Candidato Honesto se assemelhe demais com a do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva – o que poderia funcionar como uma moeda de duplo sentido, tanto pró quanto contra o atual governo petista – Leandro Hassum é competente o suficiente para envolver o seu público apenas com o que a história oferece, sem aliená-lo da realidade nacional. Se o argumento peca pela falta de originalidade e se o seu desenrolar exige concessões demais, demandando uma exagerada boa vontade do espectador para se tornar minimamente pertinente – o discurso moralista no final beira o constrangimento de tão clichê – ao menos tem-se em cena um veículo que o ator aproveita com entusiasmo. Falta muito para que seus filmes comecem a se tornar interessantes por si só, mas aqui temos um indício que talvez uma mudança positiva de rumo esteja em processo.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 4 |
Wallace Andrioli | 2 |
Thomas Boeira | 1 |
Edu Fernandes | 4 |
Francisco Carbone | 2 |
MÉDIA | 2.6 |
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