Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
Apesar de O Casamento de Romeu e Julieta ser, obviamente, uma comédia romântica de final anunciado já no título, o diretor Bruno Barreto prefere, nas declarações que deu durante a divulgação deste seu décimo quinto trabalho atrás das câmeras, classificá-la como uma “comédia dramática de natureza romântica”, como se isso fosse expandir o interesse do público sobre o filme. Mas não se engane: mesmo sob o pseudo contexto futebolístico da trama, essa é, sim, uma história de amor, daquelas bem açucaradas, em que tudo que importa é unir o casal apaixonado para que os dois sejam “felizes para sempre”.
O Casamento de Romeu e Julieta não é uma produção de intenções sérias, como foram outros trabalhos do cineasta, como, por exemplo, O Que É Isso, Companheiro? (1997), indicado ao Oscar. Este título mais recente, aliás, está dentro de uma tendência seguida em certo momento pela carreira de Bruno, que é a de realizar obras mais despreocupadas, como Bossa Nova (2000) ou Crô: O Filme (2013). Se no texto original de William Shakespeare o enredo possuía intensa carga dramática e o final era trágico, a versão tupiniquim do clássico nos leva a uma situação bastante distante. As semelhanças, aqui, se resumem aos nomes dos protagonistas e ao antagonismo estabelecido por suas famílias. Mas nada de questões comerciais, dramas históricos ou antigas rivalidades: a rixa dessa vez se dá por mero fanatismo esportivo. Tanto é que a fonte original na qual o filme se baseia é no conto Palmeiras: Um Caso de Amor, de Mario Prata. Romance e futebol, dois assuntos que, ao menos em tese, encontram grande ressonância entre o público brasileiro.
Julieta (Luana Piovani, sem potencial para a dramaticidade exigida, visto que se sai melhor em papéis mais leves e descompromissados, como em O Homem que Copiava, 2003) é jogadora de futebol e filha de um dos membros (Luís Gustavo, já bastante envelhecido e um tanto exagerado em sua caracterização) do conselho do Palmeiras, torcedor alucinado pelo verdão. Já Romeu (Marco Ricca, o melhor do elenco, seja nas declarações apaixonadas – pela namorada ou pelo esporte – como também nas passagens mais tensas) é corinthiano desde criancinha, predileção compartilhada com a avó alucinada que o criou (a veterana Berta Zemel, de Desmundo, 2002, ótima ao apresentar uma versatilidade insuspeita) e o filho (Leonardo Miggiorin). Quando Romeu e Julieta se apaixonam, ele até tenta disfarçar sua torcida para conquistar a família dela. Mas é claro que a farsa não irá se sustentar, e ao ser revelada, os dois lados da parentada irão se confrontar numa cena que beira o ridículo.
O roteiro e O Casamento de Romeu e Julieta, escrito pelos atores e dramaturgos Marcos Caruso e Jandira Martini, é direto, sucinto e sem muitas leituras. Há um pouco, é claro, de crítica ao preconceito, ao exagero dos fanáticos e às torcidas mais exaltadas, mas visto de modo fugaz e passageiro, como se o objetivo realmente importante fosse entreter sem grandes dores de cabeça. Assim como começa, logo termina, e antes mesmo do final dos créditos o espectador já terá esquecido metade do assistido. Problema? Talvez, dependendo apenas das expectativas levantadas. Ah, antes de terminar: destaque positivo para a trilha sonora, que ficou à cargo do criativo Marcelo Camelo, da banda Los Hermanos, do tremendão Erasmo Carlos e do sempre competente Guto Graça Mello, premiado no Guarani e no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro por Cazuza: O Tempo Não Pára (2004).
Últimos artigos deRobledo Milani (Ver Tudo)
- Wicked - 22 de novembro de 2024
- Gladiador II - 22 de novembro de 2024
- Herege - 21 de novembro de 2024
Deixe um comentário