Crítica
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Sinopse
Um menino de três anos, após quase morrer ao realizar uma cirurgia de emergência, afirma ter sido levado ao céu e se encontrado com Jesus. A princípio seus pais não acreditam, mas quando ele começa a contar histórias e falar sobre pessoas que não conhecia, começam a suspeitar que possa ser verdade.
Crítica
Não é preciso acreditar em Deus ou no paraíso dos justos para gostar de O Céu é de Verdade, mas sim ter um pouco de paciência para compreender a interessante discussão que é colocada na tela. A adaptação cinematográfica do livro que vendeu milhões de cópias em todo o mundo custou apenas 14 milhões de dólares e já arrecadou oito vezes mais desde sua estreia em abril nos Estados Unidos. O sucesso é garantido pelo tema e pela obra em questão, mas até que ponto o filme de Randall Wallace se torna maniqueísta ao extremo?
Para responder à pergunta, vale lembrar a história: Todd Burpo (Greg Kinnear) é o pastor de uma pequena cidade do Nebraska. Afastado do trabalho como bombeiro, ele luta ao lado da mulher Sonja (Kelly Reilly) para criar os dois filhos, Cassie (Styles Lane) e Colton (Connor Corum). Eis que o menor precisa passar por uma cirurgia de urgência por conta de uma apendicite, mas o garoto quase morre na cirurgia. Quando ele volta pra casa, relata para os pais que foi para o céu e conheceu Jesus Cristo, anjos e outras pessoas.
Baseado no livro autobiográfico homônimo, O Céu é de Verdade é quadradinho, com uma direção simples, feito totalmente para famílias assistirem. Apesar do tema religioso, o interessante é que o pastor Burpo, personagem da ficção, mas também da vida real, começa a questionar sua própria crença: afinal, se todos os dias os seguidores da Igreja Católica são “obrigados” a aceitar a existência do Paraíso (assim como do Inferno), por que não acreditar que uma pessoa (no caso, seu próprio filho) conheceu este céu espiritual? Neste caso, a personagem de Margo Martindale, mulher sofrida que perdeu o filho na guerra, serve como contraponto às suas ideias, num misto de raiva de Deus com a eterna culpa católica.
Apesar de alguns pontos extremamente claros que denotam a religiosidade acima de tudo, como se a fé pudesse ser a única resposta (e falo isso não por preconceito contra religiões, mas sim porque o próprio roteiro do filme pode acabar soando ofensivo para quem não é católico), o diretor é inteligente o bastante para inserir personagens mais céticos sobre o assunto, seja a psicóloga com quem Burpo busca aconselhamento ou até sua esposa, que não pretende entrar na discussão se aquilo que seu filho viu é verdade ou não. O importante é que o pequeno acredita nesta magia e ponto.
O Céu é de Verdade acaba perdendo mais pontos, na verdade, pelo excesso de sacarose com uma trilha sonora quase incessante (e desnecessária na maior parte das vezes) que parece limitar a ação dos personagens e da própria direção. É um filme simples, direto, quase televisivo, que tem como proposta vender a imagem do céu para seus seguidores. Poderia ser um belo tratado sobre a religião nos dias de hoje, mas preferiu ficar na superfície. Não é de todo ruim, mas também longe de ser um belo exemplar do cinema.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Matheus Bonez | 4 |
Francisco Carbone | 1 |
MÉDIA | 2.5 |
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