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Sinopse

Depois de assistirem a um vídeo amaldiçoado, pessoas morrem subitamente no Japão. Ayaka, uma astuta estudante, vai tentar revelar o que está por trás dessa situação bizarra.

Crítica

Antes de qualquer reflexão, é bom esclarecer que O Chamado 4: Samara Ressurge não é uma continuação dos projetos hollywoodianos de O Chamado e nem possui ligação com a franquia japonesa original, que começou com Ring (1998) e gerou quatro sequências. Este é um novo capítulo de uma terceira saga que recomeçou na última década, com A Invocação (2012), A Invocação 2 (2013), O Chamado vs. O Grito (2016) e Sadako: Capítulo Final (2019). Existe um truque na distribuição brasileira que apela ao sucesso da jovem Samara, dos filmes norte-americanos, mas a protagonista real é Sadako. Feitas as elucidações, vamos ao mais novo longa baseado na obra literária de Koji Suzuki que, tal qual outras tantas propriedades intelectuais que se tornaram grandes séries na tela grande, carece de algumas coerências.

Aqui, a fama da famosa VHS espalhou, se transformando numa lenda urbana da Deep Web (submundo da internet). Ayaka (Fuka Koshiba) e Futaba (Yuki Yagi) são duas irmãs que assistem ao viral e precisam lidar com as constantes aparições de Sadako, entidade que amaldiçoa os que examinam a garota na fita. Descambando mais ainda ao exagero dos antecessores, o enredo conta com dois personagens que pretendem trazer o suposto tom descontraído nessa “comédia de horror”. São eles Oji (Kazuma Kawamura), garoto assustado repleto de gags (humor transmitido, na maioria das vezes, sem uso de palavras), e Kenshin (Hiroyuki Ikeuchi), “mestre sobrenatural” que ganha views ao tratar do vídeo em seu canal.

A variação de gêneros no desenrolar dos acontecimentos poderia ser um alvo fácil para diminuir o resultado. Entretanto, a tribulação maior está na ineficácia de qualquer uma das categorias. Há pouquíssimos momentos cômicos e nenhum (!) instante capaz de gerar grandes espantos. Aliás, nem os famosos jumpscares (pulo de susto), que poderiam proporcionar refúgios confortáveis, se fazem presentes. Além disso, uma mescla da história original com aventuras cibernéticas é apresentada, algo que elimina qualquer saudosismo da virada do século.


A proposta confusa talvez se explique na experiência do próprio diretor. Senão vejamos: em sua filmografia, Hisashi Kimura comandou comédias dramáticas, como Trick (2000); tratou de artes marciais em Samurai Sensei (2015); desenvolveu tramas investigativas em O Hospital Mascarado (2020) e Kindaichi O Jovem Detetive (2022); e, vejam só, é um dos desenvolvedores de Bakuryuu Sentai Abarenjâ 20th: Yurusa Rezaru Abare, especial que celebra o aniversário da versão original dos Power Rangers. No final das contas, a imperícia é uma constatação compreensível, não há nada que o desenlace possa acrescentar ao legado da publicação de Suzuki e a nostalgia dos trabalhos estrelados por Naomi Watts é inevitável. Por fim, quando nem o condutor sabe o trajeto, é difícil angariar passageiros.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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