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Sinopse

Grace decide viajar até a Escócia para investigar as circunstâncias obscuras da morte de seu irmão, o Padre Miguel. Desconfiada da versão oficial divulgada pela Igreja, ela começa a apurar o caso e de separa com algo horrendo.

Crítica

Há diversos vícios que constantemente se verificam na produção do cinema de horror contemporâneo. Um deles é o comprometimento total da trama às reviravoltas, ou plot twists, como popularizado na cultura pop. Muito presente em projetos de M. Night Shyamalan - cujos fãs previamente aguardam por tais situações - essa incerta muleta também está em O Convento, causando uma imprescindível dependência.

O desenrolar dos acontecimentos busca dinamismo. Em menos de vinte minutos de tela, Grace (Jena Malone) já está num convento do interior da Escócia em busca da verdade sobre o misterioso falecimento de seu irmão, o Padre Miguel (Steffan Cennydd). Ela não acredita na versão oficial da Igreja, na qual ele foi apossado por um espírito maligno e se suicidou. Essa explicação é chancelada pelo Padre Romero (Danny Huston) e a Madre Superiora (Janet Suzman), misteriosos coordenadores do mosteiro que confundem Grace com histórias fantasiosas. No local, a protagonista pretende se hospedar por tempo indeterminado para investigações, o que lhe obriga a se vestir como freira, em "respeito às demais", segundo a Superiora. A partir daí, estranhos acontecimentos parecem repelir a moça desse território sagrado. A suposta agilidade narrativa é confundida com atropelo e falseamento de informações. Algo, mais uma vez lembremos, recorrente em empreitadas que ancoram o produto final numa virada da cronologia. Pistas são dispostas, mas algumas apenas desorientam o espectador. Inclusive, nessa arriscada e desamparada aposta do tipo “você não perde por esperar, o final é surpreendente”, peças não encontrarão encaixe posteriormente.

O responsável pela condução do longa é Christopher Smith, diretor que vem construindo uma carreira no cinema de horror desde os anos 2000, mas que vem regredindo desde o interessante Plataforma do Medo (2004). O roteiro é elaborado por ele e Laurie Cook, escritora que já havia trabalhado com o realizador no fraco O Ritual: Presença Maligna (2020). A resposta para a infundada complexidade que o script possui, se equilibrando entre o empoderador e o diabólico, pode estar na falta de combinação entre os profissionais.

E quem mais sofre com essa ausência de posição é Jena Malone, desde o início perdida na construção de sua personagem. A atriz de Demônio de Neon (2016) e da saga Jogos Vorazes, aqui, se resume em participar de sequências em que pouco tem a oferecer, além de adotar uma aparência aborrecida que permanece por todo o tempo. Na mesma medida, o filme conta com Danny Huston numa atuação protocolar, para dizer o mínimo, e personagens femininas menores que unicamente sustentam tímidos jump scares (mudança abrupta de imagem que geram sustos repentinos).


Ousadias são capazes de ser conferidas em O Convento, como contestações sobre as tradicionais hipocrisias e clandestinidades religiosas ou um ensaio de uma espécie de demonização bem-aceita, no qual o obscuro nem sempre é evidente e, ainda por cima, se disfarça de sorte. Porém, nenhuma delas parece ter coragem de se desenvolver. No final das contas, temos mais uma obra que reservou todas as suas fichas em um único conceito: a reviravolta. Desta forma, quase nada se leva do enredo após o apagar das luzes, nem sequer alguns sustos.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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