Crítica
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Sinopse
Mark Whitacre é um executivo que se torna informante do governo denunciando uma formação de cartel na empresa em que trabalha. Ele acredita que, agindo desta forma, se tornará um herói da nação e conseguirá uma promoção. Só que o FBI exige provas, o que o faz com usar um microfone escondido e um gravador em sua pasta. Só que seus relatos sempre mudam, confundindo cada vez mais os agentes federais. Sem saber o que é verdade e o que é imaginação de Whitacre, a investigação coloca em risco o próprio caso contra a empresa.
Crítica
Steven Soderbergh parece não conhecer o significado da palavra descanso. Em menos de dez anos, o diretor realizou 16 produções em diversos segmentos, sendo, a maioria, longas para o cinema. É claro que tamanha exposição acaba desgastando a imagem do cineasta e, principalmente, afeta a qualidade de seus projetos, ainda mais que a cada hora Soderbergh parece querer investir em um novo gênero. Nesta quase uma década de tantas realizações, apenas as do início do século XXI (Erin Brockovich, 2000, e Traffic, 2000), além da trilogia Onze (2001), Doze (2004) e Treze Homens e um Segredo (2007), acabaram sendo destaques entre sua filmografia (seja pela alta qualidade e/ou sucesso de público). Isto até a chegada de O Desinformante.
Aqui, assim como no filme que deu o Oscar a Julia Roberts, Soderbergh se baseia em acontecimentos verídicos para contar a história de Mark Whitacre (Matt Damon), químico e alto executivo da empresa ADM, que tem como lucro a fabricação de ingredientes à base de milho em alimentos. Após uma ligação que sugere uma sabotagem na empresa, Whitacre envolve o FBI na investigação e acaba revelando informações que confirmam a ADM como um cartel de nível internacional que controla o preço do milho nos principais continentes consumidores. Porém, se a história parece (e é) séria, o cineasta faz uma verdadeira sátira ao mostrar como o manipulador e mentiroso (porém simpático) protagonista consegue enrolar a todos à sua volta (inclusive o FBI) para conseguir o que quer.
O humor do filme toma proporções épicas mesmo com um roteiro que pode beirar ao confuso pelo excesso de informações. Nomes de executivos, diversas empresas, lugares, países e o que mais puder são citados durante os mais de 100 minutos do filme, o que pode acabar prejudicando um pouco a diversão. Porém, assim como se fosse um McGuffin de Alfred Hitchcock (ou seja, um plot que apenas serve para sustentar a verdadeira história), Soderbergh utiliza este esquema de espionagem como subterfúgio para entrar na complexa mente do personagem principal. Complexa, por sinal, pode não ser exatamente a palavra que o define, já que a narração em off de Damon (que funciona como um fluxo de pensamento do personagem perante tudo que acontece à sua volta) revela um traço infantil de sua personalidade, como se ele encarasse toda aquela intensa investigação como uma grande brincadeira. E Whitacre, como a criança comandando tudo.
Do mesmo modo que Erin Brockovich se apoia no carisma e talento de Julia Roberts para alavancar a história, o mesmo pode ser dito de O Desinformante e seu carismático e bipolar Whitacre defendido ferrenhamente por Matt Damon. O intérprete consegue não apenas fazer rir, mas também humanizar seu personagem (o máximo que dá com o que lhe é oferecido, é claro), seja no jeito neurótico de se expressar, no caminhar duro e, além de tudo, com uns bons quilos a mais (como Hollywood ama atores que se mudam fisicamente por um papel). O filme é dele e de mais ninguém, e talvez este seja seu maior acerto. Ao deixar Damon conduzir o espectador na loucura de seus personagens, o roteiro intrincado fica de lado, deixando o público rir do humor inteligente que lhe é proporcionado. O Desinformante não é uma comédia descerebrada que brinca com os neurônios de quem assiste. E só por este aspecto Soderbergh está de parabéns.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Matheus Bonez | 7 |
Chico Fireman | 8 |
Daniel Oliveira | 5 |
Francisco Carbone | 8 |
Alysson Oliveira | 5 |
Carlos Helí de Almeida | 6 |
MÉDIA | 6.5 |
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