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Sinopse

A chegada de um extraterrestre à Terra provoca o desencadeamento de uma série de eventos potencialmente catastróficos. Governos e cientistas se apressam para tentar desvendar o mistério por trás dessa visita.

Crítica

Por que refazer algo que já deu tão certo? No caso de O Dia Em Que A Terra Parou a única explicação plausível seria a vontade de atualizar os efeitos especiais, que obviamente estão bastante ultrapassados quase 60 anos depois. Agora, não venham dizer que é uma ‘homenagem’, ainda mais quando o roteiro, tão interessante no original, foi tão alterado a ponto de provocar mais cansaço do que reflexão. Sim, porque o filme anterior, de 1951, é uma ficção científica séria, com um objetivo proposto e uma mensagem bastante clara. Já esta nova versão é um espetáculo visual, mas com conteúdo tão politicamente correto e previsível que tudo o que consegue estimular no público com maior eficiência é o tédio.

Sobre o que trata O Dia Em Que A Terra Parou? De forma resumida: alienígena vem à Terra para dar um ultimato: ou os humanos aprendem a lidar uns com os outros, parando com conflitos e guerras, ou uma atitude mais séria será tomada – afinal, outros planetas, em outras galáxias, estão vigiando o nosso comportamento. O argumento básico é o mesmo, mas estão nos adornos – que, no final das contas, são o verdadeiro recheio – as diferenças. Na primeira versão a relação era com a Guerra Fria e o impacto das bombas atômicas, e o alerta era o seguinte: ou o Homem aprendia a viver em paz ou nosso mundo seria simplesmente eliminado. Ou seja, algo bastante drástico, mas também muito relacionado ao que se vivia na época. Essa nova versão, no entanto, é mais new age. Desta vez os aliens estão preocupados com o Planeta Terra – ‘um dos poucos em todo o universo capaz de suportar uma forma de vida tão complexa quanto a humana’ – e não estão dispostos a deixar o planeta morrer por causa de uma única espécie. Em resumo: como o ser humano é naturalmente destrutivo, o objetivo deles é promover uma grande arca de Noé espacial, salvando todos os demais seres vivos, e eliminando o único realmente pernicioso: o Homem.

Mesmo com o foco alterado, seria possível que o impacto atingisse seu objetivo. Mas não foi o caso, e isso acontece principalmente devido à mão insegura do diretor Scott Derrickson, que parece estar mais preocupado com o visual do que com o roteiro, que nesta nova versão abre espaço para subterfúgios dramáticos desnecessários e repetitivos – 'afinal, os homens são, lá no fundo, bons, e por isso merecem ser salvos, não?' – e da atuação equivocada da maioria do elenco principal. Chega a ser impressionante como atores com um histórico geralmente elogioso podem aparecer de forma tão equivocada. O que dizer do ex-Monthy Python John Cleese tentando convencer como um cientista compenetrado? Ou como as oscarizadas Kathy Bates e Jennifer Connelly poderiam estar mais perdidas? Bates é o governo norte-americano que não sabe se explode ou pede ajuda, enquanto que Connelly dá mais impressão de estar se apaixonando pelo extraterrestre do que realmente interessada em ajudá-lo – e, assim, a todos nós. Agora, nada pior do que o pequeno Jaden Smith, o filho de Will Smith. O menino é um erro do início ao fim, compondo um personagem clichê e nem um pouco simpático, sem função definida e que irrita mais do que envolve.

O Dia Em Que A Terra Parou somente irá se justificar se despertar naqueles desavisados que forem conferi-lo a vontade de conhecer a obra original. Esta, sim, merece uma visita. A mensagem pode ser a mesma e ainda provocar pensamentos mais elevados, mas o formato como ela é entregue ao público faz toda a diferença. E há também os fãs de Keanu Reeves, que tem consciência de que seu astro sabe como poucos fazer uma cara de nada. Ou seja, ele é perfeito para interpretar alguém que não deve demonstrar emoções. Mas, se é assim, porque no final até ele está comovido com o mais óbvio dos melodramas? Visualmente atraente, este filme até funciona bem como passatempo entre a pipoca e o refrigerante. Mas qualquer exigência além seria pedir demais.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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