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Sinopse

Peter Parker está tentando saber mais sobre sua origem. Ele encontra uma pasta que pertenceu ao seu pai e quer descobrir por que seus pais desapareceram. Sua busca o leva a Oscorp e ao dr. Curt Connors, que tem como alterego o letal Lagarto.

Crítica

Já faz cinco anos que Homem-Aranha 3 (2007) estreou nos cinemas, encerrando (de uma forma não muito feliz) a primeira saga do herói aracnídeo nos cinemas. A má recepção da crítica e do público, que não ficou tão entusiasmado com a "superlotação" de vilões mal caracterizados e ainda por cima com uma Gwen Stacy subaproveitada (uma ofensa para qualquer fã de Peter Parker), acabou por descartar uma quarta continuação para as histórias. O que não apaga o brilhante trabalho que o diretor Sam Raimi teve nos dois primeiros títulos da trilogia (especialmente Homem-Aranha 2, de 2004, um dos melhores filmes de super-heróis de todos os tempos). Com tudo isso, nada melhor que "rebootar" o herói, e eis que temos O Espetacular Homem-Aranha, dirigido pelo novato em filmes de ação Marc Webb (diretor de (500) Dias com Ela, 2009, e de alguns episódios de séries televisivas).

Uma boa estreia, mas com várias pontas soltas. Primeiro, somos obrigados a acompanhar, pela milionésima vez, a origem do herói, que ganha uma nova interpretação (e alguns podem chiar com estas “mudanças”). Segundo, a pressa da Sony (estúdio responsável) acabou por colocar um filme não muito esperado justamente no ano de dois mega blockbusters de heróis aguardadíssimos: após Os Vingadores (2012) e semanas antes de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012). Talvez isto reflita, e de uma forma não muito positiva, nas bilheterias. Na trama, temos um Peter ainda criança sendo levado para ser criado pelos tios Ben e May Parker. Os pais fogem de um mistério a ser resolvido, que envolve pesquisas com aranhas, lagartos e o doutor Curt Connors. Por sinal, o cientista trabalha pra ninguém menos do que Norman Osborn, que está morrendo (não se sabe porque). Peter cresce, se apaixona pela colega Gwen Stacy, vai em busca do passado (e dos pais), é picado por uma aranha e tem que enfrentar o vilão dos esgotos Lagarto. Basicamente, é isso.

O problema de reboots em geral é a comparação com os originais, assim digamos. Se Christopher Nolan conseguiu revigorar a saga de Batman, elevando o herói a um patamar mais sério e sombrio, nos fazendo esquecer do tom pastelão involuntário de "coisas" como Batman Eternamente (1995) e, principalmente, Batman e Robin (1997), aqui Webb nada mais faz que apresentar um "mais do mesmo" do Aranha. E pior: sem alguns aspectos extremamente importantes, deixando de lado o Clarim Diário e as rabugentices de J. Jonah Jameson (por sinal, poderiam manter J. K. Simmons neste papel, já que o ator que está mais do que perfeito na trilogia anterior) e, principalmente, a clássica frase do Tio Ben (Martin Sheen, bem escolhido) que estabelece a decisão do Aranha em se transformar num herói de verdade. Nem preciso dizer qual é, não é verdade? Sem falar na Tia May, que de âncora emocional de Parker virou apenas mais uma coadjuvante. Pobre Sally Field!

É claro que há pontos positivos: Andrew Garfield e Emma Stone foram escolhas perfeitas para interpretarem Peter Parker e o primeiro grande amor do herói, Gwen Stacy. Dois personagens muito bem construídos e que pegam as características gerais que faltavam na trilogia original. Ela é inteligente, bela, divertida, um doce e ao mesmo tempo dona de uma grande força. Ele é o sujeito comum, um nerd que sofre com as ridicularizações de Flash Thompson (que, gracias a Dios, também foi humanizado, como nas HQs) e a falta dos pais, mas que ao mesmo tempo consegue colocar tudo isso pra fora através de piadinhas enfrentando os bandidos (a cena em que está cara a cara com um ladrão com uma faca é impagável). As cenas de ação são excelentes (mas esqueça o 3D, que não serve para nada), recheadas de humor e emoção. O inglês Rhys Ifans também está ótimo como o Dr. Curt Connors e seu alter ego Lagarto – uma boa escolha para primeiro vilão desta nova série, que já deixa o grande Norman Osborn (o Duende Verde) para as continuações.

A dica é não se encher de expectativas. Temos o bom e velho amigo da vizinhança em um filme divertido e acima da média, mas que não chega ao patamar do citado Os Vingadores ou mesmo de Batman: O Cavaleiro das Trevas(2008). Ainda assim, quando as luzes se acendem, a vontade que dá é de voltar para casa lançando teias e pulando de prédio em prédio. E viva o cabeça-de-teia!

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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