Crítica
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Sinopse
Cinco amigos que odeiam os festejos de Natal decidem passar a data isolados numa casa de campo. Mas, tudo muda drasticamente de figura quando um deles mata acidentalmente um sujeito vestido de vermelho.
Crítica
Desde o início da década passada, o grupo humorístico Porta dos Fundos, liderado pelo dono de diversas ideias oxigenadas, Fábio Porchat, tem se destacado por sua iconoclastia, trilho no qual a comédia encontra um de seus pilares. Num país como o Brasil, onde a maioria da população se considera, no mínimo, “temente a Deus”, essa posição da marca angariou fãs na mesma proporção em que somou inúmeras desavenças após lançamentos - em sequência ininterrupta - de dez especiais de Natal voltados à tramas que contestam as divindades bíblicas da época mais brilhante do ano. Projetos como A Primeira Tentação de Cristo (2019) e Teocracia em Vertigem (2020), por exemplo, lhes renderam, inclusive, um ataque a bomba em sua sede. Em O Espírito do Natal, a doutrina das escrituras sagradas é deixada de lado para que um signo menos divino seja examinado tal qual os filmes anteriores: Papai Noel e sua turma. E é, justamente, essa opção que faz do filme uma anormalidade na filmografia dos comediantes em questão.
O enredo segue cinco amigos - entre eles, os frequentes colaboradores do Porta, Rafael Portugal, Antonio Tabet e Raphael Logam - que odeiam os festejos de final de ano e decidem passar a data isolados numa casa de campo. O trajeto é repleto de referências à cultura da antipatia natalina, tão presente na linguagem das redes sociais. Esse movimento de rechaçar o impecável Natal construído pela indústria do entretenimento norte-americano tem se tornado um interessante bastão da comédia nacional. Entretanto, essa interessante composição não chega a se constituir, dando espaço para uma rápida mudança de tom. Logo após a chegada no pouso, que ainda conta com um ou dois gracejos dos personagens sobre o tema, o tom de suspense se instala após um deles assassinar o Papai Noel.
A partir daí, manifesta-se um enfileiramento de infortúnios causados pela morte do bom velhinho, aqui interpretado de maneira não convencional por Orã Figueiredo. Embora tente firmar um ritmo excitado, o diretor Rodrigo Van Der Put falha em comprimir variadas inserções de antagonistas num clima de horror cômico. Sejam anões zumbis, ou uma desequilibrada Mamãe Noel, os pontos não se conectam, culminando em cenas de violência gratuita. A aparição de Gregório Duvivier como um duende instável e calado é a cereja do bolo dessas adições. Vale ressaltar que entre o primeiro e o terceiro ato, ainda sobra (?) tempo para uma constituição irregular de um casal formado por Evelyn Castro e Thati Lopes. Um flerte estéril que não encontra encaixe na narrativa do média-metragem.
É reconhecível o movimento agradável entre os artistas no desenvolvimento das atuações. Tal qual Adam Sandler, e sua sempre rejuvenescida trupe, ou Monty Python, inspiração maior do Porta dos Fundos, o time está confortável e funciona no traquejo dinâmico de inúmeras piadas. Porém, para mergulhar no mundo dos slashers e do body horror, aqui homenageados, talvez o bando ainda careça de impulsos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Victor Hugo Furtado | 3 |
Alex Gonçalves | 4 |
MÉDIA | 3.5 |
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