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Sinopse

Quando um garoto, na véspera do Natal, é convidado a embarcar em um trem rumo ao Polo Norte, espera encontrar o Papai Noel e o verdadeiro espírito natalino. Ele está começando a deixar de acreditar na fantasia, mas testemunha vários eventos fantásticos durante a viagem, e assim todas as suas certezas serão colocadas em dúvida.

Crítica

Baseado no romance de Chris Van Allsburg, mesmo autor de Jumanji (1995) e de Zathura (2005), O Expresso Polar é uma experiência revolucionária que, infelizmente, enquanto história, está aquém dos seus méritos técnicos. O filme, tornado possível pela persistência do diretor Robert Zemeckis, utiliza pela primeira vez a tecnologia chamada “captura de performance”, ou seja, os atores foram filmados primeiramente com sensores por todo o corpo que registravam seus movimentos. Depois, estes foram digitalizados e adicionados a um cenário digital. A partir daí se animou tudo, nos mesmos moldes da animação computadorizada tão bem conhecida por filmes como Monstros S.A. (2001). Mas, ao contrário destes, tentou-se aqui um resultado naturalista, o mais próximo possível do real. Porém, o que se tem é um híbrido de desenho animado com performances robóticas, algo estranho e pouco familiar. Isto se deve principalmente ao fato da artificialidade dos olhares dos personagens, que tiveram que ser desenvolvidos separadamente – obviamente, não foi possível colocar sensores nos glóbulos oculares dos atores.

Por outro lado, é perceptível que o maior problema de O Expresso Polar nem é tanto seu aspecto inovador e pouco aconchegante – algo crucial para uma trama natalina – e mais seu enredo, corriqueiro e óbvio. O protagonista é um garoto que está começando a deixar de acreditar em Papai Noel. Ele está crescendo, e, com isso, esquecendo a magia da infância. Na noite de Natal, para sua surpresa, recebe uma visita que o fará questionar suas próprias dúvidas: o tal expresso polar do título, um trem que busca crianças nos quatro cantos do mundo para levá-las até a terra do bom velhinho. Uma vez lá, eles poderão vê-lo partir em seu trenó encantado com todos os presentes destinados às boas crianças. Ele hesita subir à bordo, mas logo se juntará a outros pequenos que, assim como ele, estão ali em busca de fantasia e imaginação. O percurso lhe reserva muitas aventuras, até a participação final no grande evento natalino.

O desenrolar dos acontecimentos em O Expresso Polar ocorre de modo bastante tradicional e pouco original. Não há muitas novidades ou descobertas: tudo se passa bem tranqüilo, sem sustos ou surpresas. Os poucos momentos de suspense e tensão logo se dissipam, e a normalidade volta em seguida a ditar o curso da ação. A impressão é que se dedicou muito tempo à aparência do filme e muito pouco ao desenvolvimento do roteiro – de autoria do próprio Zemeckis, em parceria com William Broyles Jr., indicado ao Oscar por Apollo 13 (1995) – que decepciona pela obviedade e pela falta de curiosidade.

Com três indicações ao Oscar – Melhor Canção (Believe, de Glen Ballard e Alan Silvestri), Som e Edição de Som – O Expresso Polar saiu da maior festa do cinema mundial de mãos abanando. É sintomático, acima de tudo, que a obra não tenha recebido a mais importante indicação do gênero, a de Melhor Longa de Animação. Sinal claro que a importância do filme era muito mais técnica do que artística. Mesmo assim, este terceiro encontro do diretor Robert Zemeckis com o astro Tom Hanks (que interpreta nada menos do que cinco personagens, desde o menino até Papai Noel) foi mais um acerto financeiro, repetindo um desempenho nas bilheterias similar aos de Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994) e Náufrago (2000): foram mais de US$ 300 milhões arrecadados no mundo todo. Ou seja, a crítica até pode falhar, mas a voz das bilheterias, sempre mais importante em Hollywood, aplaudiu mais uma vez a união do dois.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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