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Sinopse

Num futuro próximo, a guerra entre humanos e máquinas foi deflagrada. Com a tecnologia a seu dispor, as máquinas decidem enviar ao passado um andróide com a missão de matar a mãe daquele que viria a se transformar no líder da resistência humana. Contudo, os humanos também conseguem enviar um representante para proteger a mulher e tentar garantir o futuro da humanidade.

Crítica

A distopia vista no começo de O Exterminador do Futuro é fruto da guerra entre homens e máquinas. Patrulhas mecânicas esmagam os crânios dos que perderam a batalha pela sobrevivência. Uns poucos humanos ainda resistem, lutando contra a extinção completa da raça. Não vendo outra solução para triunfar completamente, a Skynet, inteligência artificial altamente avançada e autoconsciente, manda para o passado um exterminador, assassino programado para encerrar a rebelião antes mesmo que ela nasça. Sarah Connor (Linda Hamilton) é o alvo, a futura mãe de John Connor, aquele que liderará a insurreição. Arnold Schwarzenegger interpreta o incansável perseguidor que parece um armário imune a balas e outros ataques, uma máquina de matar praticamente indestrutível. Kyle Reese (Michael Biehn), soldado enviado para proteger a mãe da revolução, surge como única esperança.

A mitologia construída por James Cameron é clara e, acima de tudo, consistente. O futuro é retratado como uma era de escombros, de gente vivendo às escondidas em meio à fome e ao medo. Raios laser cortam a tela para conotar esse tempo vindouro em que armas simples são obsoletas frente ao arsenal bélico criado para dominar os humanos. Tidos hoje como precários, os efeitos especiais do filme foram saudados como revolucionários na época. E não é para menos. Cameron demonstra não apenas suas credenciais enquanto diretor, mas também entusiasmo como desenvolvedor/usuário de novas tecnologias. Visto assim, pode-se considerar que suas obras, com algumas exceções, ajudaram o cinema a andar tecnicamente para frente. A história de O Exterminador do Futuro transcorre num ritmo acelerado, Sarah e Kyle são caçados sem descanso pelo exterminador tornado ícone em virtude da interpretação deliberadamente inexpressiva de Schwarzenegger.

Perseguições de automóveis são constantes e ajudam a injetar adrenalina na narrativa. Ao passo que rechaça as investidas do ciborgue, Kyle vai guiando não apenas Sarah, mas também nós, espectadores, pelas bases que sustentam o filme. Por exemplo, Cameron inteligentemente o faz contar boa parte dos pormenores do futuro num interrogatório à polícia, exposição simples que nos dá o conhecimento necessário sobre as engrenagens que movem o amanhã. Aos poucos, notamos que Kyle terá uma importância para além da proteção da vida de Sarah, pois desempenhará outro papel fundamental na guerra contra a Skynet. O romance entre ele e a mãe de John se insere na trama para amplificar a tragédia vindoura, não para amenizá-la com promessas vazias de momentos menos difíceis.

O personagem de Arnold Schwarzenegger vai perdendo a aparente humanidade representada pela carne e pelo sague que recobrem seus mecanismos. Kyle e Sarah expõem, assim, ataque após ataque, o antagonista que, como sabemos, segue por caminhos diferentes nas sequências. Até que chegamos ao famoso duelo final, no qual o exterminador é reduzido a um esqueleto de olhos incandescentes, figura aterrorizante que prenuncia a provável extinção. Sarah Connor, por sua vez, sai pouco a pouco da posição de vítima, assumindo o lugar que o futuro lhe reserva, o de genitora e guia do messias que liderará a humanidade contra as máquinas. Com O Exterminador do Futuro, o cineasta James Cameron estabelece solidamente um mundo novo, pronto para ser explorado por outros longas e derivados.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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