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Sinopse
Swan é um compositor que vendeu sua alma ao diabo em troca de juventude eterna. Para obter sucesso em sua profissão, ele chega a roubar composições de outros artistas. Um desses prejudicados sofre um acidente e passa a ter de viver escondido sob uma máscara bizarra.
Crítica
O classicismo de O Fantasma da Ópera, de Gaston Leroux, adaptado às telas numa versão que junta Fausto, de Goethe, e uma ópera rock não é algo impossível, mas a probabilidade dessa proposta, em mãos irresponsáveis, virar uma verdadeira bagunça é alta. Felizmente, não foi o que aconteceu em 1974, quando Brian De Palma, depois do elogiado As Irmãs Diabólicas (1973), se reuniu com o músico e compositor Paul Williams para realizar seu tão planejado e aguardado musical.
Servindo de um tipo de sátira do mercado fonográfico, o filme foi escrito após De Palma escutar no elevador aquelas músicas instrumentais típicas do espaço. E não era qualquer uma, pois dos Beatles. Indignado, o diretor começou a imaginar a que ponto a música e sua indústria haviam chegado. O mercado que transformava seus grandes artistas em mero som ambiente se espalhava. Entrar nesse meio era como vender a alma ao diabo. A exploração era alta. E continua sendo.
Essa é uma das premissas do filme sobre o notório dono de um selo de gravações chamado Swan (Williams), que vendeu há um bom tempo sua própria alma ao diabo em troca de juventude eterna e sucesso. Quando Swan roubou uma composição do atrapalhado Winslow Leach (William Finley), para comemorar a abertura de sua nova casa de shows, a Paradise, ele não esperava que o jovem tentaria reaver os créditos da canção, mesmo que para isso tivesse de chegar às últimas consequências.
Winslow acaba sofrendo um grave acidente quando, após fugir da cadeia, num surto psicótico, invade a gravadora de Swan, ficando ferido no rosto, no pescoço e nas cordas vocais. Desfigurado e perdido, decide refugiar-se na Paradise, se escondendo atrás do manto negro e da máscara de pássaro. Como no original, Leach se apaixona por uma garota, Phoenix (Jessica Harper), pela qual fará o possível, sobretudo para lançá-la como a mais nova sensação. Porém, poder e ambição irão corrompê-la facilmente, causando ainda mais estragos no jovem Fantasma. Típico de De Palma.
Cinéfilo e leitor assíduo, o diretor constrói parte de sua história com várias citações e homenagens que vão desde O Retrato de Dorian Gray, A Marca da Maldade (1958), de Orson Welles, até diversas produções de Alfred Hitchcock. Vale lembrar que, quando lançado, O Fantasma do Paraíso teve recepção fraca e bilheteria digna de um fracasso nos Estados Unidos. Porém, com o passar dos anos, a produção foi ganhando fãs e se tornou um filme de culto, bem como outro musical contestador: The Rocky Horror Picture Show (1975). Motivador de exibições comemorativas e até de encontro de fãs, talvez acabe não sendo o longa mais lembrado de De Palma, mas é uma tensa e bem encadeada trama que pincela marcas utilizadas pelo autor até hoje.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Renato Cabral | 8 |
Ailton Monteiro | 8 |
Chico Fireman | 7 |
Ticiano Osorio | 7 |
MÉDIA | 7.5 |
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