Sinopse
Gerry é um sargento que trabalha numa pequena cidade irlandesa. Quando um dos seus colegas desaparece misteriosamente, a pacata localidade passa a ser alvo de uma investigação enorme sobre tráfico de drogas.
Crítica
O escritor e roteirista John Michael McDonagh tem um histórico cinematográfico bastante tímido. Até então, seus maiores destaques eram o roteiro do pouco visto Ned Kelly (drama de ação australiano de 2003 com os novatos Heath Ledger e Orlando Bloom, dirigido por Gregor Jordan) e a direção e o roteiro do curta The Second Death (2000), com Liam Cunningham. Pois este ator está de volta no projeto mais ambicioso do realizador até o momento, a comédia de humor negro O Guarda, um filme que nasce e morre no seu protagonista, o excepcional Brendan Gleeson. Indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator – Comédia ou Musical, ele aparece como um oficial de polícia de uma pequena cidade do interior da Irlanda que se vê envolvido, de uma hora para a outra, num caso de tráfico internacional de drogas que está sendo investigado pelo FBI! E, como um dos personagens do filme diz a certo instante se referindo ao protagonista, “nunca sabemos se ele é idiota demais ou inteligente demais”!
As boas críticas recebidas por O Guarda são quase unânimes em afirmar a excelência da atuação de Gleeson, mas vale ressaltar também que muito se deve à parceria estabelecida entre ele e o Don Cheadle (visto em Homem de Ferro 2, 2010, e indicado ao Oscar por Hotel Ruanda, 2004). Este vive o oficial americano acostumado à grandes ações que precisa contar com a colaboração do policial do título para prender os bandidos que procura. A relação que se estabelece entre os dois é hilária, pois tudo entre eles aponta para contradições óbvias. Um é preconceituoso, o outro é contemporâneo; um é interiorano, o outro é moderno; um é branco, o outro é negro; um é tradicional, o outro é avançado. E como é óbvio num filme desse tipo, a despeito de todas estas diferenças irão formar uma dupla e tanto, na combinação ideal para cumprirem o desafio a que se propõem.
Cunningham, um ator cada vez mais em evidência – recentemente apareceu em sucessos como Protegendo o Inimigo (2012), Cavalo de Guerra (2011), Borboletas Negras (2011) e Fúria de Titãs (2010) – é o líder dos traficantes, e ao seu lado está outro intérprete precioso: Mark Strong, que está se especializando neste tipo, como visto em John Carter: Entre Dois Mundos (2012), Lanterna Verde (2011), Kick Ass – Quebrando Tudo (2010) e Sherlock Holmes (2009), só para citar alguns dos exemplos mais recentes. Os dois oferecem um contraponto ideal aos heróis de O Guarda, mostrando que a perspicácia e a apatia nunca estão muito longes, dependendo apenas do interesse que cada assunto desperta ou não. A violência por eles explorada é real, e o diretor, sabiamente, nunca resvala no pastelão. Mas o humor, assim como a tensão, está presente o tempo inteiro, como numa cruzada de um homem só tão improvável quanto inevitável.
Brendan Gleeson é daqueles atores que parecem talhados para serem os coadjuvantes de luxo de qualquer produção de respeito. Foi assim que o vimos em filmes tão distintos quanto Albert Nobbs (2011), Zona Verde (2010) ou Harry Potter e a Ordem da Fênix (2007), entre tantos. Mas é um prazer singular observá-lo como líder absoluto, criando com gosto um personagem tão cheio de falhas quanto de virtudes, que encanta o espectador pela inocência e astúcia. McDonagh estreou com o pé direito como cineasta, mas muito deve agradecer ao seu astro, aqui num momento de incomparável felicidade. Gleeson é O Guarda, e dessa forma o filme é dele. Sem mais, nem menos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 8 |
Alex Gonçalves | 4 |
MÉDIA | 6 |
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