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Sinopse

Hubie Dubois ama o Halloween e sua cidade, mas é tratado como uma piada pelos conhecidos e vizinhos. Porém, algo de muito estranho acontece em Salem e Hubie pode ser a única salvação do lugar.

Crítica

Adam Sandler é aquele tipo de artista que deixa claro, a cada novo projeto que estrela, estar mais preocupado com a diversão nos bastidores do que da audiência que insiste em se arriscar diante dos títulos que periodicamente ele joga no mercado. Com O Halloween do Hubie, seu mais recente petardo realizado especialmente para o consumo imediato e descartável dos assinantes da plataforma de streaming da Netflix, o que se encontra é exatamente o mesmo visto em tantos outros projetos do ator: piadas idiotas, um misto de escatologia e falta de noção, uma ingenuidade atroz em relação ao que se pode ou não ser considerado engraçado e um amontoado de excessos que resultam mais em tropeços do que num passeio minimamente proveitoso.

O Hubie do título é ninguém menos do que o próprio Sandler, que volta a interpretar um tipo que alguns poderiam classificar como apenas inocente, mas está mais próximo, na verdade, de ter algum tipo de desvantagem de cognição. Um cacoete no seu modo de falar não ajuda em nada na composição, aliás. Chacota da cidade de Salem, onde mora, é também um dos maiores defensores da data que fez a fama da região por todos os Estados Unidos – e até no exterior, graças ao clássico As Bruxas de Salem, de Arthur Miller. Apaixonado pela garota mais bonita do seu tempo de colégio (Julie Bowen, de Modern Family, 2009-2020), é também conhecido por se assustar com qualquer coisa, desde pegadinhas provocadas por vizinhos e colegas de trabalho até mesmo as menores surpresas, como uma buzina ou um tocar de telefone.

Pois bem, é chegado mais um Halloween – Dias das Bruxas, em bom português – em Salem, e se todos estão empolgados com a possibilidade de vestir suas fantasias favoritas e saírem às ruas em busca de “doçuras ou travessuras”, Hubie tem outra missão em mente: quer se manter o mais alerta possível para evitar que alguém se machuque. Isso inclui invadir o baile da escola ou atrapalhar uma visita ao Trem Fantasma. O que ele não está ciente, no entanto, é que não apenas um famoso lunático conseguiu escapar na noite anterior do manicômio das redondezas, como também várias pessoas importantes da comunidade estão desaparecendo misteriosamente. Teria um caso a ver com o outro? E, além disso, qual será o segredo que o vizinho (Steve Buscemi) parece mais esforçado em revelar do que em esconder?

Bom, se cada novo filme é para Sandler uma oportunidade de rever os amigos de sempre, não causa nenhum espanto reencontrar as mesmas caras já habituais. De Kevin James (escondido por peruca e barba tão ridículas quanto risíveis) à Rob Schneider (a tentativa de suspense em relação a sua identidade chega a ser constrangedora), foram chamados também Ben Stiller e Maya Rudolph, entre outros, em presenças que variam da participação especial ao coadjuvante desperdiçado. Pior mesmo, no entanto, acabam sendo nomes como Ray Liotta – que já foi protagonista de filme de Martin Scorsese – e Michael Chiklis – vencedor do Globo de Ouro e do Emmy por papeis dramáticos – se sujeitando a aparecer pendurados de cabeça para baixo ou prestes a serem incendiados vivos, como se um caso ou outro pudesse ser motivos de riso.

Entre mortos e feridos, ao menos há a oportunidade de conferir mais um papel de destaque da veterana June Squibb, novamente apostando na versão “velhinha suspeita” vista há pouco no muito superior Blow the Man Down (2019) – esse, sim, digno de nota. No mais, o que se tem é Adam Sandler se esforçando ao máximo para que esqueçam sua premiada performance de Joias Brutas (2019), retornando com entusiasmo ao mesmo perfil desleixado tão bem conhecido por seus fãs mais comprometidos. Afinal, por mais estranho que possa parecer, esses existem, e é por causa deles que atentados como esse O Halloween de Hubie seguem acontecendo. Uma bomba tão grande que apenas o desejo de um rápido esquecimento pode ser o pedido deste feriado.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
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Francisco Carbone
1
MÉDIA
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