Crítica
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Sinopse
Nos tempos em que os dinossauros e mamutes ainda percorriam a terra, um corajoso homem das cavernas une sua tribo contra um inimigo poderoso em plena Idade do Bronze. Juntos, tentarão vencê-lo em uma batalha épica e inesquecível.
Crítica
Apesar do que o título em português – complemente equivocado – dá a entender, este não é um filme sobre a pré-história. Aliás, muito pelo contrário. É, sim, uma animação em stop motion sobre... pasmem... futebol! Sim, afinal, será numa partida do tradicional esporte bretão em que será decidido o futuro de uma aldeia de isolados homens da pedra, que mal fazem ideia do avanço em que o mundo ao redor deles se encontra – a Idade de Bronze, portanto, já chegou. Mas se O Homem das Cavernas deveria emular riso em meio às muitas tiradas destinadas e provocar graça tanto nos pequenos quanto nos espectadores mais adultos, o fato é que o máximo que consegue são alguns sorrisos discretos, e não mais do que isso.
Dug (voz original de Eddie Redmayne, e com o sotaque de Marco Luque no Brasil) é um aldeão que vive ao lado dos poucos integrantes de sua tribo em um vale repleto de verde e diversos animais. O que ele e seus vizinhos não sabem é que, séculos atrás, ali caiu o asteroide não só responsável pelo fim dos dinossauros, mas também pela descoberta do futebol. Os primeiros passes e dribles ficaram registrados em artes rupestres. O problema é que, tanto tempo depois, elas acabaram mal interpretadas, como se indicassem técnicas de caça, e não uma atividade esportiva. Quando são confrontados com a possibilidade de uma realidade muito maior os cercando – e o fim da própria existência num futuro muito próximo – eles terão que descobrir não apenas como resgatar esse talento dos seus ancestrais, como dedicar todos os seus esforços em um duelo que não só determinará seus próximos passos, mas também irá, enfim, revelar quem eles são de fato.
Eles, no entanto, não estão sozinhos. E no desenrolar dessa missão suicida contarão com a ajuda de Goona (Maisie Williams, de Game of Thrones, 2011-), uma garota tão apaixonada por futebol que sonha com uma oportunidade de se apresentar no maior estádio do mundo. E ainda que já esteja bem situada entre os Bronzes, será ao lado dos selvagens da Pedra que encontrará sua maior chance. Não que esta seja uma tarefa fácil. Afinal, terá que ensinar a eles desde os conceitos mais básicos – “isto é uma bola, que deve ser chutada, e não comida” – até mesmo como estruturar uma equipe e desenvolver as habilidades necessárias para vencer o confronto contra um time tão invencível quanto arrogante. E será justamente ao apostar no salto alto do oponente que encontrarão o caminho para a vitória.
Nick Park, diretor de sucessos como A Fuga das Galinhas (2000) e o vencedor do Oscar Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais (2005), já havia investido em apostas mais ousadas, como o adorável Shaun: O Carneiro (2015), uma animação muda que chegou a ser indicada ao prêmio da Academia e faturou mais de US$ 100 milhões nas bilheterias de todo o mundo. Com O Homem das Cavernas, no entanto, ele opta por um conceito visualmente rico, porém ainda mais simples em sua estrutura, principalmente no que diz respeito à linha narrativa. O humor é contido, mais afeito ao entendimento adulto do que ao infantil. E o filme carece dessa falta de harmonia. É por isso que passagens como a da massagem feita pelo porco – o melhor amigo do protagonista – no Lord Nooth (Tom Hiddleston, obviamente se divertindo), o vilão da história, acabam sendo o ponto alto da trama: ali há, ao mesmo tempo, tanto boas sacadas de roteiro quanto uma graça puramente física, que acaba por funcionar junto aos mais diversos públicos.
Um filme voltado a uma atividade tão popular não deveria ser, em uma análise mais crítica, tão elitista. É justamente o que acaba acontecendo com O Homem das Cavernas, longa que possui um evidente potencial para entregar muito mais do que aquilo com que termina por se contentar. Ao invés do argentino Um Time Show de Bola (2013), que fazia uso do esporte apenas como ponto de partida para aventuras mirabolantes e discussões mais urgentes, o que vemos aqui são boas jogadas que, individualmente, até funcionam – o coelho mais esperto que toda a tribo, o pombo-correio que repete tudo que falam perto dele, o ego dos jogadores-estrela – mas, quando apresentadas em conjunto, destoam justamente pela falta de harmonia. E, assim, se vê repetindo no conjunto justamente o que acontece com o time da casa – tinha tudo para ser a verdadeira estrela, mas, surpreendentemente, se vê sem ânimo para conquistar a torcida ao final do jogo.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Thomas Boeira | 5 |
MÉDIA | 5.5 |
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