Crítica
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Sinopse
Billy Beane é gerente do time de baseball Oakland Athletics. Com pouco dinheiro em caixa, ele desenvolveu um sofisticado programa de estatísticas que fez o clube ficar entre as principais equipes do esporte nos anos 80.
Crítica
O título em português desse filme é tão verdadeiro quanto inapropriado. Afinal, Billy Beane (Brad Pitt) é um cara – ele ainda é vivo – que realmente inverteu as ordens de como as coisas se davam dentro da liga profissional de baseball nos Estados Unidos. Mas ele não mudou tanto a ponto de favorecer a si próprio, que até hoje segue tendo que lidar com as mesmas adversidades do início de sua carreira. E talvez seja justamente por isso que O Homem que Mudou o Jogo seja um filme tão peculiar e interessante: é uma obra que subverte as expectativas e oferece algo inesperado, não a ponto de ser decepcionante, mas sim surpreendente.
Moneyball, o título original, é mais direto e preciso. Estamos nos referindo aqui a como o dinheiro pode ser o principal condutor da bola, ou seja, do próprio jogo. Beane desde jovem foi apontado como uma estrela do esporte e dono de um futuro promissor. Mas as coisas não se saíram exatamente como ele esperava. E, já passado dos 40, precisou lidar com a realidade nua e crua: se transformou em um técnico, e mesmo assim, não dos melhores. Mas ele tinha algo que escapava aos demais: inteligência para visualizar o quadro maior e procurar alternativas aos seus problemas. Foi assim que acabou se unindo ao jovem Peter Brand (Jonah Hill, de Superbad: É Hoje!, 2007), um analista de computadores novato que acabou lhe ajudando a desenvolver um conceito esportivo inovador, baseado em números e estatísticas ao invés do mero feeling dos olheiros e das últimas vitórias. Eles estavam atrás das tendências, daqueles que poderiam vir a ser, ao invés dos que já eram. E assim conseguiram mostrar a todos o quão certa – e também errada, dependendo do ponto de vista – essa proposta poderia resultar.
Por se tratar de baseball, um esporte de pouca popularidade no Brasil, o distribuidor nacional considerou por muito tempo lançar o filme diretamente em home vídeo – DVD e blu-ray – por aqui. Felizmente a boa aceitação da crítica internacional, que o tem apontado como um dos favoritos ao próximo Oscar, reverteu essa situação. Realmente este é um trabalho que merece ser apreciado na tela grande, do tamanho das excelentes atuações de Pitt e Hill (ambos indicados ao Globo de Ouro) e do genial roteiro escrito a quatro mãos pelos oscarizados Aaron Sorkin (A Rede Social, 2010) e Steven Zaillian (A Lista de Schindler, 1993). Outro destaque é a direção habilidosa de Bennett Miller, em seu primeiro trabalho após o fantástico reconhecimento que obteve com a cinematografia Capote, de 2005. Ele consegue transformar uma trama intrincada sobre dados, gráficos e um esporte pouco familiar em algo envolvente e desbravador, que prende a atenção e justifica todos os méritos envolvidos.
Só o fato de ser baseado numa história real já coloca o filme distante do mero drama esportivo. Sem querer revelar demais a respeito da conclusão da drama – que, afinal de contas, não chega a ser um grande mistério, pois trata-se de um fato real de conhecimento geral – O Homem que Mudou o Jogo ganha o espectador principalmente pela sua franqueza e determinação, tal qual a triste jornada do seu protagonista. Somos apresentados a um homem cujo destino apontava para todos os caminhos da fama e do estrelato, e que mesmo assim foi obrigado a se contentar com muito menos. Mas o que mais desperta a atenção e a curiosidade é o fato dele simplesmente não se render, seguindo em sua luta brava contra o convencional e o pré-estabelecido. É um guerreiro, e por isso merece todos os aplausos.
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