Crítica


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Sinopse

Um grupo de cientistas faz a descoberta do século dentro de um laboratório militar. O grupo chega à fórmula da invisibilidade. Ansioso para saber os efeitos da mesma no ser humano, o líder da equipe, Sebastian, resolve testar o experimento em si próprio. Sem o antídoto, os colegas terão de correr contra o tempo, especialmente porque a cobaia começa a se tornar perigosa, pois violenta e absolutamente fora do controle.

Crítica

Um thriller injustiçado. Assim pode ser definido O Homem Sem Sombra, suspense de ficção científica que Paul Verhoeven dirigiu em 2000. Um longa que custou 95 milhões de dólares e rendeu apenas 73 milhões nos Estados Unidos. Ao menos se pagou ao redor do mundo. Sem falar da carga de críticas negativas que recebeu. O que interessa é que o cineasta holandês dirigiu um dos filmes mais divertidos e intrigantes daquele ano com uma atuação ótima de Kevin Bacon como o vilão invisível.

Ele é um renomado cientista que está criando, junto com sua equipe, uma fórmula de invisibilidade. Ao seu lado estão sua ex-namorada (a sumida Elisabeth Shue), o atual parceiro dela (Josh Brolin, antes do reconhecimento da crítica como um grande ator), além de outros membros da equipe que vão servir apenas como bucha de canhão ao longo do filme. A fórmula é rejeitada por um conselho de ética e Sebastian (Bacon) resolve testá-la em si. O problema é que a invisibilidade dele, aliada a uma moral deturpada e um ego gigantesco, o transformam em um perigo para todos que estão em seu caminho. E logo seus companheiros de trabalho vão se tornando vítimas de sua megalomania até o fatídico desfecho, com todos confinados no laboratório e com medo de onde ele possa estar.

Menosprezado por muitos como um cineasta raso, Verhoeven acaba tocando em assuntos polêmicos, sem muita profundidade, mas que geram discussões posteriores. Afinal, a grande pergunta do longa é: se você pudesse ficar invisível, o que faria? No caso de Sebastian é estuprar uma vizinha sexy dentro do apartamento dela, invadir a casa da ex, matar o médico que rejeitou sua fórmula... e por aí vai.

Ele tem um senso distorcido da realidade, mas será que isso foi potencializado pela própria fórmula ou a invisibilidade apenas deixou aflorar tudo o que ele sentia? Afinal, mesmo na cena do estupro, antes o nosso “vilão” parece ficar em dúvida se aquilo é certo ou errado. Mas após refletir que ninguém vai vê-lo mesmo... porém, se a fórmula fosse comercializada, ou antes ainda, utilizada por um grupo de pessoas que ninguém sabe o que realmente pensa, afinal, o que poderia acontecer? Será que alguém entraria em uma loja e levasse tudo porque sabe que ninguém veria?

As respostas não estão no longa, mas quem gosta da estética violenta do cineasta vai se divertir e dar muitos pulos na cadeira, além de odiar (de uma forma boa, se é possível) um belo vilão. Está tudo bem dosado. E fazia falta um filme desses em que o terror está tão bem retratado pelos efeitos especiais, que são um show à parte (não à toa a Academia indicou o filme na categoria de Efeitos Visuais). Sebastian só aparece quando é molhado por água e sangue, ou queimado, ou ainda graças a um extintor de incêndio. O que não deixa o medo ficar menor. Vale redescobrir isso, nem que seja na sala escura de casa com o DVD rolando.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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