Crítica
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Sinopse
Vivendo escondido e longe de Betty Ross, a mulher que ama, o cientista Bruce Banner busca um meio de retirar a radiação gama que está em seu sangue. Ao mesmo tempo ele precisa fugir da perseguição do general Ross, seu grande inimigo, e da máquina militar que tenta capturá-lo, na intenção de explorar o poder que faz com que Banner se transforme no Hulk.
Crítica
O Hulk sempre foi uma figura complicada. Não era um herói tradicional, do tipo que enfrenta o vilão e salva a mocinha. É um monstro, um cara normal que sofre uma radiação e luta para se livrar daquela besta interna, que pouco tem a ver com o que ele é de verdade. É quase um drama aos moldes de King Kong (2005, 1976, 1933), porém com a "Bela" e com a "Fera" dentro do mesmo indivíduo. E foi por esta abordagem, por muitos considerada "cerebral" demais, que Ang Lee optou ao realizar Hulk (2003), em 2003, a primeira incursão em grande estilo na tela grande do clássico personagem da Marvel. Como este longa frustrou muita gente (mesmo tendo faturado quase US$ 250 milhões nas bilheterias de todo o mundo), a Marvel, agora dona do seu próprio estúdio de cinema, decidiu dar uma nova investida, recomeçando do zero e apostando desta vez muito mais nos músculos do que nos neurônios. E o que temos é este O Incrível Hulk, comandado pelo francês Louis Leterrier (Truque de Mestre, 2013). O que, é preciso ser sincero, atende às expectativas na medida exata. E isso não é, necessariamente, uma boa notícia. É, acima de tudo, uma constatação.
O Incrível Hulk não tem absolutamente relação alguma com Hulk. Os dois são completamente independentes. Se o anterior centrava sua trama na origem do personagem e em sua luta interna, o novo projeto segue a cartilha do "filme de super herói" à risca: como ele se transformou neste "ser especial" é contado muito rapidamente, ainda nos créditos iniciais, e quando a ação realmente começa já estamos no meio da situação: o cientista Bruce Banner refugiado, em plena Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, tentando encontrar uma cura para o seu "problema" enquanto se esconde do exército norte-americano. As coisas não correm tão de acordo com o plano assim, e depois de uma seqüência muito bem realizada aqui no Brasil, os acontecimentos logo se transferem para a Guatemala, México e Estados Unidos, quando o protagonista encontra sua paixão, a professora universitária Betty Ross, o pai dela, o General Ross, e o grande vilão, o militar russo Emil Blonsky (que se transforma no irreconhecível Abominável).
Desta vez todos os elementos esperados aparecem no momento adequado. A mocinha em perigo, o herói tomando consciência de seus poderes, partindo para a luta e salvando o mundo e o inimigo insano que tenta destruir tudo que vier pela frente. Além, claro, de cenas de ação impressionantes, efeitos especiais caríssimos e um enredo dinâmico e, até certo ponto, bem convencional. Afinal, as pipocas são consumidas rapidamente, antes do refri perder o gás. E depois disso, qual o sentido de ficar dentro da sala escura?
Algumas coisas devem ficar claras: o Hulk, mais uma vez recriado digitalmente, continua não funcionando. Há uma cena em particular, dele caminhando na chuva, que é risível. Não dá pra acreditar muito que aquele ser humano franzino acaba se transformando num gigante verde bestial. E não há muita profundidade no que é dito ou discutido, tudo transcorre sem muitos questionamentos ou dúvidas. O Incrível Hulk não é melhor do que Hulk, mas o contrário também não é necessariamente verdade. São obras distintas, com abordagens diferentes, e cada uma ao seu modo cumpre o que promete.
Edward Norton é uma boa escolha para o papel principal. É um ótimo ator (duas vezes indicado ao Oscar), e transmite bem o drama do protagonista. Tim Roth está ótimo como o vilão. Ele é perfeito para este tipo de personagem, assim como William Hurt, que possui a canastrice ideal para o que lhe é exigido. Por outro lado, Liv Tyler é um erro. Ela não está envelhecendo bem, sua voz é fraca e não há química alguma entre ela e Norton. Em nenhum momento acreditamos na paixão entre os dois. E se o objetivo era nos envolver também neste nível, aí a coisa complica.
Leterrier não é sob aspecto algum um profissional à altura do gênio de Ang Lee. Mas ao menos aqui foi competente, entregando um filme digno, que prende nossa atenção, emociona e ainda faz a adrenalina subir. Não tem nenhuma passagem memorável, mas porta-se como mais um passo sólido no caminho para o filme dos Vingadores (2012) - como a pequena participação no final de Robert Downey Jr., interpretando Tony Stark, o herói de Homem de Ferro (2008), claramente sugere. A máquina está nos trilhos, o público está se divertindo e a crítica parece satisfeita. Este novo Hulk não muda parâmetros, mas consolida de vez esta que já pode ser considerada como a "fase de ouro das histórias em quadrinhos no cinema"!
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