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Sinopse

Ainda impactada pela morte da irmã, Dana investiga os motivos do suicídio da garota. Mas, ela acaba descobrindo um jogo sinistro.

Crítica

Estabelecido desde os anos 2000, o subgênero found footage parece ter encontrado herdeiros de conceitos arejados na década passada. Para além de câmeras tremulas em primeira pessoa - que procuram atribuir mais genuinidade aos filmes, principalmente à tramas de suspense - apostas como Amizade Desfeita (2014) e Buscando... (2018) permitem que o espectador apenas acesse o enredo por meio de aparelhos eletrônicos. Ou seja, toda e qualquer sequência será representada através da tela de computadores ou smartphones do protagonista, que está navegando em sites, realizando chamadas em aplicativos de vídeo e se comunicando por meio de chats. A realidade, portando, não nos é entregue. Em O Jogo da Morte, a mesma técnica é utilizada. Porém, não há jogo de cena que disfarce histórias tediosas.

   

O mote central é o trágico evento da Baleia Azul, fenômeno real surgido em redes sociais russas, no ano de 2017, que estimulava adolescentes a se automutilar. Em diversas oportunidades, suicídios também foram incitados. Os roteiristas, aqui, se valem desse contexto macabro e palpável para apresentar a história de Dana (Anna Potebnya), garota que perde a irmã, Julia (Diana Shulmina), para o fatal desafio cibernético. Perturbada, ela inicia investigação para descobrir o culpado. Para tanto, ingressa num grupo on-line secreto liderado por Ada Mort, sujeito anônimo responsável por nortear as violentas práticas aos jovens envolvidos.

A partir daí, a competição ao estilo gato e rato toma conta da relação de Dana e Ada. A protagonista participa das tenebrosas tarefas propostas pelo inimigo na tentativa de organizar alguma prova que possa ser levada às autoridades. Entretanto, o antagonista está sempre um passo a frente, e essa dinâmica de armadilhas prováveis toma conta do filme por completo. Perdido, o público terá de encarar contínuas constituições de planos que se materializam em telas, mas que pouco surtirão efeito no desenrolar dos fatos. Dessa forma, a progressividade pouco existe.

Falando em progressão, vale comparar este com found footages consagrados, como A Bruxa de Blair (1999) e Rec (2007), obras que não destinam-se a confundir o espectador, e sim apresentar encadeamento de situações que dependem uma das outras, gerando surpresas genuínas ou, pelo menos, ansiedades efetivas. Aqui, vale ressaltar, os responsáveis poderiam sacar duas ou até três sequências de obstáculos, o resultado final seria o mesmo.

A diretora Anna Zaytseva, estreante no comando de longas, aposta alto na imersão que a linguagem trabalhada pode ocasionar, consumindo as estratégias do formato. Aliás, um bocado delas abusam da suspensão voluntária da descrença, principalmente em seu desfecho, tornando a trama menos intrigante do que poderia ser. Também, em olhar mais amplo, Zaytseva sobrecarrega os próprios atores, que precisam se esmerar em ambientes delimitados. Vítima de sua própria concepção, O Jogo da Morte impossibilitada a ocorrência do horror e esgota o suspense de forma precipitada.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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