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Sinopse
O Dr. Frederick Frankenstein viaja à Transilvânia para reivindicar a herança prevista no testamento de seu avô. Ao chegar ao local, e se deparar com vários personagens excêntricos e esquisitos, ele começará uma grande aventura.
Crítica
Realização de um desejo pessoal do ator e roteirista Gene Wilder, O Jovem Frankenstein representa um dos pontos altos da carreira de Mel Brooks como cineasta. Após esculhambar com a Segunda Guerra Mundial, com a Guerra Fria e até com os velhos faroestes norte-americanos, o realizador afinou seu estilo de paródias satíricas para investir num trabalho tão apurado quanto certeiro, escolhendo como ponto de partida um dos monstros mais populares do universo cinematográfico. A ideia de apropriar-se de um gênero já conhecido e a partir daí buscar as mais inesperadas formas de humor deu tão certo que seria basicamente isso que o cineasta seguiria fazendo pelo resto de sua filmografia, seja em filmes mudos, de suspense ou até mesmo na ficção científica.
Mas por quais razões O Jovem Frankenstein se destaca perante os demais trabalhos de Brooks? Talvez por ter sido um dos primeiros, ou pelo impressionante cuidado aos detalhes ou ainda pela afinada parceria com Wilder – aqui no terceiro e último trabalho em conjunto. O que importa, no entanto, é que mais de quarenta anos após o seu lançamento o resultado continua altamente engraçado, intrigante e envolvente. Tem-se, aqui, uma comédia de primeira linha, esperta e surpreendente, ácida e brilhante, que sabe fazer humor com a imagem e também com o texto, abrangendo as mais diversas possibilidades que vão pontuando a trama durante o seu desenvolvimento, ao mesmo tempo em que serve também como uma das mais geniais homenagens ao clássico escrito por Mary Shelley. É um filme que faz rir com os artistas e os personagens, e não deles. E esse pequeno porém faz toda a diferença.
Dr. Fronkonsteen (Gene Wilder, genial) é, na verdade, neto do original Barão Frankenstein. A troca do nome se dá pela vergonha dos feitos do antepassado em suas tentativas de reanimar corpos em decomposição. No entanto, quando descobre que lhe coube como herança o antigo castelo na Transilvânia, decide viajar até lá para verificar o que lhe espera. É quando encontra o material de pesquisa secreto do avô, e movido por uma arrebatadora curiosidade científica, decide replicar a experiência. É claro que as coisas não sairão exatamente como o esperado – muito pela ajuda dos atrapalhados ajudantes – e o que se vê a seguir é uma repetição dos fatos acontecidos tantos anos antes, como um mostro em busca de sua alma, crianças desamparadas e velhos cegos, além de um vilarejo em pânico. Felizmente, no entanto, o desenrolar dos fatos apontará para uma solução mais adequada aos novos tempos.
Gene Wilder e Mel Brooks escreveram juntos a história e os diálogos, criando em conjunto situações que entraram para a história do mundo pop – a passagem “caminhe desse jeito”, ao descer as escadas da estação de trem no começo do filme, serviu de inspiração para a canção “Walk This Way”, um dos maiores sucessos do Aerosmith, por exemplo. Marty Feldman, como o auxiliar Igor, está simplesmente inacreditável, e muitos dos risos descontrolados provocados na plateia devem-se a sua simples aparição em cena. Peter Boyle, como o monstro, Kenneth Mars, como o Inspetor Kemp – de braço mecânico – e até uma participação mais que especial de Gene Hackman como o cego solitário respondem por verdadeiras pérolas. Mas o time feminino não fica para trás, e Cloris Leachman (Frau Blücher e o relinchar dos cavalos), Elizabeth (Madeline Kahn, a noiva intocável) e Teri Garr (Inga, a insaciável) estão, no mínimo, hilárias – e o melhor, cada uma no seu próprio jeito.
Tudo que se pode esperar de uma adaptação de Frankenstein está à espera do espectador em O Jovem Frankenstein. Sai, no entanto, o terror paralisante e as implicações psicológicas do clássico original e entra no lugar uma comédia de proporções inimagináveis, que nunca investe na falta de respeito ou parte para o deboche apelativo – como tão bem estamos acostumados nos dias de hoje. A graça, aqui, vem acompanhada de uma abordagem inteligente e perspicaz, revelando um olhar apurado para as deixas que permitem uma maior diversidade de interpretações. Brooks, que ficou fora de cena por exigência de Wilder – que acreditava que a imagem do cineasta poderia atrapalhar a recriação proposta graças a sua imensa popularidade na época – alcança um dos seus maiores acertos, mostrando de vez por todas que menos pode resultar em mais, bastando para isso apenas saber como alcançar o equilíbrio dos elementos reunidos.
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